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Policial afegã foge após ser brutalmente atacada pelo Talibã

Ela tornou-se vice-chefe das investigações criminais no Afeganistão e agora tenta fugir do país diante da retomada do poder pelo Talibã

Policial Afegã tenta fugir após retomada de poder pelo grupo Talibã

Gulafroz Ebtekar é uma conhecida policial afegã. Ela teve um importante destaque na presença das mulheres nas forças policiais, tornando-se vice-chefe de investigações criminais no Afeganistão. Com a retomada do poder pelo grupo extremista Talibã, Gulafroz tenta fugir do país temendo por sua vida.

Segundo o The Mirror, por ser uma importante autoridade do Ministério do Interior, ela foi vista como um modelo de destaque para as mulheres afegãs. Seu rosto e seus feitos ficaram conhecidos por todos e amplamente divulgados na mídia.

Ela agora luta por sua vida depois de receber ameaças e ser espancada por combatentes do Talibã enquanto tentava fugir do país pelo aeroporto de Cabul.

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“Passei cinco noites nos portões do aeroporto sem água ou pão, sob uma chuva de balas e cercada pelo Talibã. Vi a morte de mulheres e crianças. Enviei mensagens para as embaixadas de muitos países para salvar a mim e minha família, mas tudo em vão”, declarou.

Ela também contou como encontrou soldados americanos e acreditou que seria salva junto de seus parentes.

“Chegamos ao campo de refugiados onde os americanos estavam acampados, pensei que finalmente estávamos seguros. Eu falo um pouco de inglês e expliquei como não era seguro permanecermos em Cabul”, relatou.

A policial também informou que seus documentos foram checados e que foi questionada sobre para onde desejaria ir, ao que respondeu: “Não importa, para um país seguro onde temos chances de sobreviver”.

Neste momento, ela relata que um soldado foi orientado a mostrar o caminho para eles. “Achei que iam nos escoltar até um avião ou fornecer segurança”, disse Gulafroz.

A princípio, a policial e seus familiares foram escoltados até uma rua movimentada onde aconteceu um dos atentados. Após se negarem a ir embora ela informa que o soltado ergueu a arma e ordenou que saíssem do local. “Naquele momento eu não queria mais viver, percebi que não havia mais nada de humano nas pessoas”.

Policial afegã em ascensão teme pela vida diante da retomada de poder pelo Talibã

Gulafroz havia estudado para cursar um mestrado em uma importante academia de polícia russa. No entanto, a embaixada de Moscou se recusou a ajudá-la dizendo estar impotente por ela não ter passaporte ou residência russa.

A policial, sonhava em mudar e melhorar a vida das mulheres no Afeganistão. “Quando voltei para minha terra natal, consegui um emprego no Ministério de Assuntos Internos e logo consegui um cargo bem elevado. Tornei-me chefe-adjunto de Investigações Criminais do Ministério de Assuntos Internos do Afeganistão”.

Ao chegar na casa de sua mãe, soube que o Talibã tinha ido buscá-la enquanto ela estava fora. Com isso, ela se mudou para o primeiro, dos três, apartamento utilizado para tentar fugir dos combatentes. Ao tentar escapar novamente pelo aeroporto de Cabul, a policial foi espancada por guardas do Talibã.

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“Todas as suas palavras foram acompanhadas de golpes. Quando fui atingida de novo, não consegui me levantar, não consegui dizer uma palavra. Eles agem assim, primeiro atacam, depois você tem permissão para se mover. Eles me espancaram com punhos, botas, armas e até pedras”, declarou.

Após este ataque foi quando Gulafroz procurou os soldados americanos, mas sem conseguir escapar.

Ela relatou que foi avisada pelo Talibã a seis meses atrás. “O Talibã me escreveu cartas nas quais diziam que eu não deveria trabalhar na polícia, que não tinha o direito de falar sobre os direitos das mulheres. ‘Quais são os direitos das mulheres? Por que você publica fotos nas redes sociais?’ Foram os comentários que recebi deles”.

A policial ainda alerta: “Acho que o Talibã nunca vai mudar”.

Ela finaliza sua declaração reforçando que toda sua família está em perigo e diz não ter medo de falar abertamente por “não ter mais nada”.

“O Afeganistão não existe mais, não há liberdade. O tempo todo lutei para manter uma vida normal, se agora essa vida não existe, por que eu deveria ter medo?”, finalizou Gulafroz.

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