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Conheça a jornalista que encarou o Talibã em sua primeira entrevista coletiva

A neozelandesa foi a única mulher presente na primeira entrevista coletiva oficial do Talibã nesta semana.

Jornalista encara Talibã na primeira coletiva de imprensa
Charlotte Bellis Instagram @CharlotteBellis

Charlotte Bellis, uma jornalista neozelandesa, foi a única mulher presente na coletiva de imprensa oficial do Talibã nesta última terça-feira. Ela foi a primeira a realizar uma pergunta ao porta-voz do grupo e focou a oportunidade em questões referentes aos direitos das mulheres afegãs.

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Conforme noticiado pelo Daily Mail, Charlotte já trabalhou para a Al Jazeera, organização de notícias independente. Originária da Nova Zelândia, a experiente repórter foi a única jornalista com permissão para comparecer à primeira entrevista coletiva oficial.

Na filmagem do evento é possível notar a tensão dos participantes. A jornalista aparece calma enquanto se apresenta aos novos governantes do Afeganistão e faz sua pergunta. “Quero falar com vocês sobre os direitos das mulheres e das meninas, se elas terão permissão para trabalhar e se as meninas ainda vão à escola”, disse ela complementando em seguida: “Quais garantias pode dar às mulheres e meninas de que seus direitos serão protegidos?”.

O porta-voz do Talibã, Zabiullah Mujahid garantiu aos repórteres que o “Emirado Islâmico” daria às mulheres seus direitos desde que seguissem a lei Sharia. “As mulheres terão todos os seus direitos. Seja no trabalho ou em outras atividades, porque as mulheres são uma parte fundamental da sociedade”, disse ele.

Jornalista deu voz ao temor das mulheres afegãs

A pergunta feita por Charlotte é a mesma de milhares de mulheres afegãs. Na madrugada de domingo, militantes do Talibã invadiram o palácio presidencial e declararam o Emirado Islâmico do Afeganistão a partir da mesa do presidente deposto Ashraf Ghani.

Relatos assustadores de Cabul afirmam que militantes estão indo de porta em porta tentando rastrear moradores acusados de ajudar as forças dos EUA durante a guerra do Afeganistão. Outros relatos afirmaram que gangues do Talibã estavam caçando meninas de 12 anos para escravas sexuais.

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A presença de Charlotte na conferência podem ser observadas como uma breve esperança, mas ainda existe muito temor por parte das mulheres afegãs. Alguns relatos mais chocantes incluem mulheres mortas a tiros por usarem roupas apertadas, escoltadas do trabalho para casa e proibidas de voltar e, em algumas áreas, proibidas de andar nas ruas sem um homem as acompanhando.

A repórter disse que a chegada do Talibã em Cabul foi “surpreendentemente amigável”, mas avisou que eles também possuíam uma lista de alvos. Ela informou que alguns de seus amigos compraram armas e outros fugiram mesmo após o Talibã declaram que não quer derramamento de sangue.

Ela afirma ter tomado conhecimento de que o nome de um de seus amigos está na lista de alvos e disse ao Talibã que seria lamentável se o matassem. A jornalista também acrescentou que a falta de dinheiro estrangeiro impedirá o Talibã de governar o país. “Eles querem legitimidade, é por isso que não tomaram Cabul a força e é por isso que pararam neste ponto”, afirmou.

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