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Skincare: conheça as principais características da pele negra

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Como a pele negra vem revolucionando o mercado dos cosméticos e se mostrando cada vez mais uma tendência que precisa ser acompanhada de perto. 

A população negra representa 56% dos brasileiros, cerca de 108,9 milhões de habitantes segundo o IBGE. De acordo com um levantamento feito pelo Movimento Black Money, esse mercado movimenta cerca de R$ 1,7 trilhão por ano na economia, seja com o consumo de bens ou de serviços. Mas esse número gigantesco não tem refletido ainda um investimento à altura da indústria cosmética, principalmente a brasileira.

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Nos últimos anos, temos acompanhado um slogan no mercado de estética e beleza que foi levado como uma verdade absoluta: “todas somos iguais”. O conceito de igualdade, inserido na melhor das intenções, mas usado de forma equivocada pode gerar uma falsa impressão de homogeneidade do mercado consumidor. Tal homogeneidade não se aplica uma vez que cada tipo de pele tem suas especificidades. “Quando as marcas dizem que estão formulando para todos e testaram em todos, isso simplesmente não é o caso”, disse Noelly Michoux, fundadora da marca francesa 456Skin, em entrevista à Vogue.

“Começamos nossa marca em um centro onde muitas das maiores e mais prestigiadas marcas do mundo estão sendo fabricadas, e posso dizer que essas marcas não incluem peles ricas em melanina, conhecidas como peles 4.5.6, no processo de pesquisa e desenvolvimento . Estas são as pessoas que fabricam os ingredientes, elas definem o tom para a indústria. São eles que dizem: ‘Ei, o retinol é o ingrediente para este ano’, mas quando testam o ingrediente, não olham como ele interage com peles que são diferentes. Quando as marcas os incluem em suas fórmulas, eles não os testam em peles mais escuras”, completa Noelly Michoux.

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Inclusão não é o mesmo que igualdade

Um artigo publicado na revista Vogue estadunidense, a editora de beleza Funmi Fetto disse: “Um dos subprodutos negativos da inclusão é que, em nossos grandes esforços para dizer ‘somos iguais, somos iguais’, deixamos de compreender e reconhecer certas nuances e desvios que nos diferenciam. Essa falta de reconhecimento é contraproducente. O fato é que a pele negra é diferente, ela reage a traumas, tratamentos e ingredientes de forma diferente”.

Funmi completa: “E ainda, em nome da igualdade, a maioria das marcas de beleza afirma que seus cuidados com a pele são universais e adequados para todos. Então, isso significa que não há necessidade de cuidados para a pele criados especificamente para a pele negra?”.

Há diferenças fundamentais

“Os fototipos 1, 2, 3 são peles caucasianas e têm princípios dermatológicos que lhes são próprios. Mas os princípios dermatológicos para os fototipos 4, 5 e 6 são diferentes. Eles têm diferenças estruturais e funcionais que precisam ser levadas em consideração”, disse Noelly Michoux, fundadora da 456Skin. 

Segundo Noelly, a principal diferença é que a pele negra é mais grossa; são cerca de 20 camadas para o estrato córneo (ou barreira da pele) contra 16 da pele caucasiana. O que significa que a pele mais escura precisa de uma hidratação mais profunda. Além disso, seus níveis mais elevados de melanina indicam que ela se desenvolve bem no sol e na umidade. Os climas mais frios, por outro lado, desregulam a barreira da pele e a tornam menos capaz de reter água. 

Outra diferença importante, explica o Dr. Charles, co-fundador da 456Skin, é a maneira como a pele mais escura responde à inflamação. “As células da pele que produzem pigmentos, conhecidos como melanócitos, na pele negra e morena são incrivelmente robustas e eficientes na produção de melanina. Quando encontram qualquer forma de inflamação, causada por uma série de fatores como acne, exposição ao sol, esfoliação excessivamente agressiva ou qualquer forma de trauma, esses melanócitos respondem produzindo melanina em excesso que leva à hiperpigmentação teimosa. Muitos dos meus pacientes vêm a mim porque estão preocupados com seu tom de pele irregular e hiperpigmentação, mas podem não perceber que o problema real que precisa de atenção não é a hiperpigmentação em si, mas qualquer doença que esteja levando a ela”, disse o médico.

O mercado brasileiro

Algumas marcas brasileiras têm ido para onde a tendência aponta e têm investido em tecnologia para a criação de produtos cosméticos adequados. Especificamente sobre maquiagem, encontramos a Divas Bllack, uma marca gaúcha voltada para peles negras. Criada em 2016 por Rosane Terraggo que, como mulher negra, sentiu a necessidade urgente de suprir esse mercado. A missão da Divas Bllack é “valorizar a mulher negra com o uso de maquiagem como uma forma de expressão. Eu tenho muito orgulho de estar presente em todo processo de criação da marca e sei que ela vem para empoderar, representar e embelezar”, de acordo uma reportagem publicada no Gaúcha ZH. Divas Bllack tem base, pós soltos, paletas de sombras de outros produtos de maquiagem criados especificamente para a pele negra.

No mercado de skincare, a marca Negra Rosa tem uma linha completa de cuidados com a pele. Criada pela Rosangela da Silva há seis anos, a marca se enfoca no conceito de que a mulher negra tem uma beleza única, que precisa ser descoberta. “Os produtos tem o meu olhar, o olhar de uma mulher negra para outra mulher negra, um conceito todo especial para realçar a nossa beleza”, explica Rosangela.

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