Após a repercussão da morte de Paloma Lopes Alves, de 31 anos, que teve uma parada cardiorrespiratória após passar por uma uma hidrolipo com o cirurgião Josias Caetano dos Santos, em uma clínica na Zona Leste de São Paulo, a família de outra vítima quer reabrir o processo do caso. Se trata da técnica em enfermagem Elaine Cristina Andrade, de 40, que morreu em maio de 2021, 26 dias após realizar uma cirurgia para colocar próteses de silicone com o médico.
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Em entrevista ao site UOL, a mãe de Elaine, Carmen Lúcia Andrade, disse que a filha pagou cerca de R$ 14 mil para realizar a cirurgia, mas teve complicações e sentia muitas dores. Ela procurou o médico três vezes depois da operação e, 23 dias depois da cirurgia, teve de ser internada em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Após três dias, ela faleceu.
A família processou o cirurgião na área criminal, mas o caso foi arquivado pela Justiça de São Paulo em setembro de 2023. Conforme o Ministério Público de São Paulo (MP-SP), o parecer médico-legal não encontrou nexo causal entre a cirurgia realizada por Josias Caetano dos Santos e a morte de Elaine Cristina Andrade.
“A ocorrência do evento cardiovascular súbito, infarto agudo do miocárdio/parada cardiorrespiratória, que levou a paciente a óbito, foi imprevisível não nos permitindo estabelecer liame, nexo causal direto e inequívoco, com o procedimento cirúrgico mamoplastia, realizado 23 dias antes”, apontou a decisão.
Porém, após saber da morte de Paloma, Carmen Lúcia diz que a família se sentiu muito mal e vai pedir a reabertura do processo sobre a morte de Elaine. “A gente viu que não foi só uma pessoa, não foi só nossa família que está passando por isso, de perder alguém por um médico que ceifa vidas. Estamos muito abalados por tudo isso”, disse ela ao UOL.
Além do processo criminal, a família da técnica de enfermagem também entrou com um processo civil contra Josias Caetano. Essa ação processo ainda está em andamento.
Procurada, a defesa do cirurgião afirmou que ele é inocente e não foi condenado pela morte de Elaine. “O doutor Josias, conforme comprovou perícia do IML, ratificado pela polícia, Ministério Público e Justiça, não teve culpa pela morte”, explicou o advogado Lairon Joe.
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Outros processos
O médico Josias Caetano responde a pelo menos 22 processos por erros médicos na Justiça de São Paulo. Os casos ocorreram entre 2018 e 2021, quando pacientes denunciaram que ficaram com lesões ou foram mutiladas nas cirurgias.
O advogado José Beraldo, que representa algumas das vítimas, diz que são casos de mulheres que foram mutiladas por erros do profissional. “Essas mulheres foram procurar beleza, pagaram por um sonho, no fim restou um pesadelo. Eles se sentem monstras, muitas têm vergonha de usar biquínis em praias e estão abaladas emocionalmente”, destacou.
Ainda conforme o defensor, as ações estão na fase de perícia judicial, sendo que as audiências estão agendadas para o ano que vem no Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo.
Sobre essas ações, o advogado Lairon Joe ressaltou que seu cliente nunca foi condenado em nenhum processo. “O doutor Josias não tem uma condenação penal em relação a erro médico. E todos os processos, os inquéritos policiais que foram abertos, todos foram arquivados. Então, nós iremos prestar os esclarecimentos devidos”, afirmou.
Morte de Paloma
Paloma Lopes Alves, de 31 anos, morreu após passar por uma hidrolipo com o médico Josias Caetano, na última terça-feira (26). A mulher contratou o profissional pelas redes sociais e naquela data o conheceu pela primeira vez. Ela pagou R$ 10 mil pelo procedimento, que foi pago por meio de transferências bancárias.
Em entrevista à TV Globo, o médico disse que a paciente começou a sentir falta de ar minutos após ser levada para a sala de recuperação pós-operatória e ficou inconsciente rapidamente. Ele acionou uma unidade do Serviço de Atendimento Móvel (Samu), que levou a mulher até o Hospital Municipal do Tatuapé, mas ela não resistiu.
Na unidade hospitalar, foi apontado como causa provável da morte uma embolia pulmonar, mas o laudo da necropsia ainda vai confirmar essa questão.
O marido de Paloma procurou a polícia e registrou um boletim de ocorrência, quando disse que soube que o médico em questão já tinha sido denunciado por vários pacientes por erros em cirurgias. Ele afirma que houve demora no socorro e negligência médica.
“A gente foi fazer o procedimento, e eu estava lá. Fizeram uma negligência enorme. Demoraram muito para chamar o Samu. A hora que eu vi que o Samu estava lá, eu saí correndo. Eles não me informaram o que estava acontecendo. Uma situação muito triste, delicada. Nossa, fora do comum. No hospital, tentaram reanimar, mas ela veio a óbito”, afirmou Everton ao G1.
O caso foi registrado como morte suspeita no 52º Distrito Policial no Parque São Jorge. Os investigadores aguardam os laudos periciais sobre o falecimento.
Já a Clínica Maná Day, localizada na Avenida Conselheiro Carrão, Zona Leste de São Paulo, onde a cirurgia foi realizada, foi autuada e interditada pela Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa), na última quarta-feira (27). Conforme o órgão da prefeitura, o estabelecimento exercia atividade irregular, pois não possuía a licença sanitária para procedimentos invasivos.
Os responsáveis pela clínica não foram encontrados para comentar o assunto até a publicação desta reportagem. As redes sociais do estabelecimento também foram desativadas.