A mulher que foi agredida por um policial militar na Estação Luz do Metrô, no Centro de São Paulo, afirma que está apavorada com a violência que sofreu. Lésbica, ela usava uma bermuda com cores do movimento LGBTQIA+ e estava sentada no chão da plataforma aguardando pelo trem. Nesse momento, disse que o agente fardado já apareceu a puxando pelo colarinho da blusa, a chamou de “sapatão” e ainda afirmou que ela “iria apanhar como homem”.
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“Ela estava sentada na plataforma do Metrô balançando as pernas no espaço onde passa o Metrô. Ele a puxou de maneira truculenta e disse para ela que se é homem tem que apanhar igual homem. Foi truculento e a chamou de sapatão. Tudo leva a acreditar que foi um caso de homofobia”, afirmou a advogada da jovem, Ana Marques, em entrevista ao jornal “Folha de S.Paulo”.
O caso aconteceu na noite do último sábado (6). O vídeo mostra a jovem no chão quando o agente deu um tapa em seu rosto e disse: “abaixa a mão para mim”, enquanto a vítima respondeu: “você que está me batendo” (assista abaixo).
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Absurdo registro de agressão policial contra uma jovem LGBT no metrô de São Paulo. Não podemos aceitar esse tipo de conduta de agentes que deveriam proteger a população. Nosso mandato está oficiando a Secretaria de Segurança Pública para exigir apuração e afastamento do policial. pic.twitter.com/TCB6mvJYTu
— Guilherme Cortez (@cortezpsol) April 7, 2024
Logo após o tapa o policial continua falando para a mulher abaixar a mão e depois exige que ela saia da plataforma da Linha 1-Azul do Metrô. Depois de alguns segundos, o agente deixou o local. “Estou sendo agredida aqui, tá? Acabei de ser agredida aqui por aquele policial, sem necessidade nenhuma”, falou a vítima no fim do vídeo.
A jovem procurou a polícia na segunda-feira (8) e registrou um boletim de ocorrência. Ela ressaltou que sabe que estava sentada em um local não permitido da estação, mas isso não justifica a agressão e ressaltou que em nenhum momento revidou ou ofendeu o policial militar.
“Ela não tinha motivo para estar sentada lá. Ela diz que reconhece o erro e o risco que estava correndo. Mas não justifica a forma que ela foi arrastada e agredida. É uma reação inaceitável. Ele poderia ter corrigido de outra forma. É uma coisa muito assustadora e incondizente a postura dele”, ressaltou a advogada da jovem.
O caso foi registrado no 2° Distrito Policial do Bom Retiro. Testemunhas relataram que o policial deu “um tapa na cabeça, três tapas no rosto e um pontapé na costela” da vítima.
A jovem passou por exames de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) ainda na segunda-feira, e o resultado deve ficar pronto em dez dias. Ela sofreu ferimentos no braço e nas costas e afirma que está “em estado de pânico”, pois teme sofrer alguma retaliação após a repercussão do caso.
PM foi afastado
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) lamentou o ocorrido e informou que “a conduta apresentada não condiz com as diretrizes das forças de segurança paulistas”.
Logo após a repercussão negativa do caso, a Polícia Militar informou que o policial foi identificado e afastado do trabalho nas ruas durante as investigações.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), também repudiou a conduta do policial. “A imagem choca. A gente repudia esse tipo de agressão, pede desculpas à sociedade, nós não vamos tolerar esse tipo de comportamento (...) Esse militar vai ser afastado das ruas, vai ser severamente punido e todo mundo que descambar para o lado da indisciplina, da conduta errada, daquela conduta que prejudica a instituição será severamente punido”, disse.
Já a Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania de São Paulo informou que vai investigar se o agente foi motivado por homofobia no ataque e que presta o devido apoio à vítima.
“Informo que a agredida está sendo assistida por mim via coordenação Estadual da Diversidade de São Paulo e pela Subsecretaria da Diversidade de Guarulhos. A Coordenação Estadual de Diversidade iniciou o procedimento para abertura do processo da Lei 10.948/01″, escreveu o coordenador de Diversidade da secretaria, Rafael Calumby, em postagem no Instagram.
No fim da tarde de segunda-feira, a vítima sua advogada foram até a secretaria para formalizar a denúncia. Depois, quando os laudos do IML foram concluídos, elas farão uma representação criminal contra o PM na Delegacia do Bom Retiro.