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Namorada de motorista de Porsche que bateu em Sandero presta depoimento em delegacia

Jovem deve esclarecer se Fernando Sastre, que conduzia carro de luxo, tinha consumido bebidas alcoólicas

Ele vai responder pela morte do motorista de aplicativo
Fernando Sastre de Andrade Filho, de 24 anos, que dirigia um Porsche e bateu contra um Sandero, teve o segundo pedido de prisão negado (Reprodução/TV Globo/X)

A namorada do empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, de 24 anos, que dirigia um Porsche e bateu na traseira de um Renault Sandero, matando o motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, de 52, na Zona Leste de São Paulo, prestou depoimento à polícia nesta terça-feira (9). A jovem deve ajudar a polícia a esclarecer se o condutor do carro de luxo tinha consumido bebidas alcoólicas e os motivos pelos quais ela não seguiu com ele no veículo.

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Acompanhada de advogados, ela chegou no fim da manhã ao 30º Distrito Policial (DP), no Tatuapé. Por volta das 13h, deixou o local sem falar com a imprensa. A Polícia Civil também não revelou o teor do depoimento da jovem.

Em entrevista coletiva, no último sábado (6), o delegado Carlos Henrique Ruiz falou sobre a importância da oitiva da jovem para esclarecer os fatos.

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“O depoimento dela é muito importante porque existe uma questão que parece que houve uma discussão na porta da casa de pôquer, onde foi falado que ele não deveria dirigir. Ele teria tido uma discussão com ela e ela pode esclarecer exatamente o que aconteceu, que discussão foi essa. Tanto que o amigo embarcou com ele no carro. Então, essa testemunha é fundamental”, disse o investigador.

O empresário fugiu do local do acidente com a mãe, não passou pelo teste do bafômetro e só se apresentou à polícia mais de 38 horas depois. Em depoimento, ele admitiu que estava “um pouco acima do limite de velocidade”, mas sem precisar o quanto. Porém, outras testemunhas disseram que ele corria muito e passava dos 50 km/h estipulados na via. O rapaz também negou que tenha feito consumo de bebidas alcóolicas.

No entanto, testemunhas do acidente disseram à polícia que viram Fernando “cambaleando e com a voz pastosa”, com sinais visíveis de embriaguez. Uma mulher, que chegou ao local logo após a batida, afirma que tinham três garrafas de vidro dentro do carro de luxo.

Empresário é procurado pela polícia
Motorista de Porsche fugiu após bater e matar condutor de Renault Sandero, na Zona Leste de SP (Reprodução/Redes sociais)

Pedido de prisão negado

Na segunda-feira (8), a Justiça de São Paulo negou novamente o pedido de prisão do empresário. Mas, para seguir respondendo ao caso em liberdade, Fernando terá que cumprir algumas medidas cautelares. Entre elas está o pagamento de R$ 500 mil, em um prazo de 48 horas, para garantir a reparação às vítimas.

Esse foi o segundo pedido de prisão feito pela polícia, que teve aval do Ministério Público Estadual. Ele foi analisado e negado pelo juiz Roberto Zanichelli Cintra, da 1ª Vara do Júri, na segunda-feira (8). Na decisão, o magistrado ressaltou que o empresário se apresentou na delegacia após o acidente, tem endereço fixo, trabalha e não tem antecedentes criminais.

“Ressalte-se que a prisão cautelar não se presta à antecipação de pena. Sua natureza é excepcional, e somente deve ser aplicada para a proteção da integridade da instrução criminal, a qual, repita-se, a alegação de que está na iminência de ser maculada ainda prescinde de substrato indiciário para ampará-la”, escreveu Cintra.

Apesar de negar a prisão preventiva, o juiz determinou o cumprimento de medidas cautelares. Além do pagamento da fiança estipulado em R$ 500 mil, para futura reparação à família de Viana e ao amigo Marcus Vinicius Machado Rocha, que ficou ferido no acidente, Fernando ainda teve a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) suspensa e o passaporte apreendido.

O empresário também está proibido de se ausentar da cidade por mais de oito dias, não pode se aproximar de Marcus Vinicius e nem de testemunhas e familiares por no mínimo 500 metros de distância, e está proibido de frequentar o restaurante e a casa de pôquer onde foi antes do acidente.

Por fim, o juiz determinou que Fernando entregue o celular em até 24 horas para a perícia verificar as ligações e mensagens que recebeu da mãe dele quando ocorreu o acidente. Caso descumpra qualquer uma dessas medidas, a prisão preventiva dele poderá ser decretada.

A defesa de Fernando não foi encontrada para comentar a decisão até a publicação desta reportagem.

Investigação sobre os PMs

Na mesma decisão, o juiz determinou que a Polícia Civil investigue os policiais militares que liberaram o dono do Porsche e a mãe dele do local do acidente sem a realização do teste do bafômetro.

A mulher alegou que levaria o filho a um hospital, mas não o fez e o rapaz não foi mais encontrado pelos agentes. O rapaz só se apresentou mais de 38 horas depois, quando seria impossível analisar o consumo de bebidas alcoólicas.

Os PMs já são alvo de investigação da própria Polícia Militar. Porém, a Justiça paulista também quer que a Polícia Civil investigue “eventual responsabilidade criminal” dos militares nesse caso.

“Determino ao delegado de Polícia que instaure procedimento de investigação preliminar sumária (…) a fim de esclarecer eventual responsabilidade criminal”, escreveu Cintra na decisão.

Polícia investiga o caso
Fernando Sastre de Andrade Filho (à esquerda) dirigia Porsche quando bateu na traseira de Sandero, matando o motorista de app Ornaldo da Silva Viana (Reprodução/Redes sociais)

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