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A Forma da Água: Guillermo del Toro encanta Hollywood com nova fantasia; confira entrevista

Em “A Forma da Água”, que estreia nesta quinta-feira (1º), o diretor mexicano Guillermo del Toro põe uma lupa sobre uma faxineira diante de um romance com uma criatura tirada de uma lagoa negra na Amazônia.

Essa abordagem para o gênero fantástico, que mescla influências de clássicos de época e filmes B, venceu o Leão de Ouro no Festival de Veneza e concorre a 13 Oscars.

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O cineasta mexicano conversou com o Metro Jornal sobre a produção.

Por que você levou tanto tempo para fazer o filme?
Foram seis anos, mas, para mim, foi mais. Quis fazer um filme estritamente de monstro, mas ele não funcionou e deixei engavetado. Em 2011, Daniel Kraus falou sobre a ideia de uma faxineira que se apaixonava por uma criatura em um prédio do governo. Pensei: assim dá certo! A história fazia sentido para mim.

Foi isso que deu o pontapé para a produção?
De certa forma, sim. Desenvolvi os primeiros desenhos do monstro e, em 2014, ofereci ao estúdio exatamente como fiz com “O Labirinto do Fauno” (2006). Mostrei os modelos e contei a história do início ao fim. Nas duas vezes, ao acabar, eles estavam todos chorando e dizendo: “Vamos fazer!”.

O que o inspirou para idealizar a criatura?
O que me inspirou visualmente foi uma gravura japonesa. Queria um peixe preto com alguns poucos pontos de cor. Levei três anos para concebê-lo. Comecei em 2013 e fui até o início das filmagens.

O sexo é importante no filme. Você lutou por isso?
Há muitas histórias com elementos de “A Bela e a Fera”. Algumas são muito puras, mas puritanas, sem sexo algum, porque a fera se transforma em príncipe. As outras são perversas. Para mim, nenhum desses dois lados interessava. Queria uma história de amor que incluísse sexo.

Por isso você concebeu um monstro tão sensual?
Sim! Mas também era importante para mim que a mulher não fosse uma donzela. Ela se masturba de manhã, mas ainda pode ser pura. Para algumas pessoas, entrar no território sexual significa o fim da pureza. Às vezes as pessoas confundem pureza com inocência. Mas o filme não é pervertido, ele é bem doce.

Você sempre foi apaixonado por monstros. Essa história é, de algum modo, pessoal?
Sim, acho que a coisa mais maravilhosa é a imperfeição. Imperfeição é tolerância, e os monstros são os santos padroeiros disso. Monstros se apresentam exatamente como são. Para eles, é impossível mentir. É por isso que eles são tão importantes.

Por que ambientar o filme no ano de 1962?
Esse é um período crucial para os EUA. É o ano em que se sonha com o futuro, no qual tudo é perfeito, mas, poucos meses depois, Kennedy seria assassinado e O Vietnã duraria mais do que deveria. O sonho acabou. Quando alguém diz: “Vamos fazer a América ser grande de novo”, refere-se a 1962, quando havia um fantasia de autossuficiência branca. O tiro em Kennedy é um ponto de inflexão. Por isso esse era um ano importante para o filme. Mas todos os problemas daquela época, como racismo, sexismo e outros “ismos” ainda estão lá.

Como é equilibrar a poesia e a fantasia?
Acho que é mais difícil para o público do que para mim. Tentei controlar um pouco mais para não ser tão brutal. A verdade é que o belo e o brutal das coisas estão lado a lado em meus filmes. Isso é algo muito orgânico.

Veja o trailer do filme:

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