Estavam todos juntos no palanque que comemorava a vitória de Ricardo Nunes (MDB) na reeleição como prefeito de São Paulo, na noite de domingo (27). Caciques da ampla frente de partidos que o apoiou nestas eleições: PSD, MDB, PP, União Brasil, PL e Republicanos.
ANÚNCIO
São os mesmos que estiveram ao lado dos dois últimos presidentes de direita que o Brasil teve: Michel Temer e Jair Bolsonaro (o União Brasil é a junção do DEM e do PSL). Boa parte do que se convencionou chamar de Centrão.
Leia mais:
Sem virada: Nunes supera Boulos e é de novo prefeito de São Paulo
Confira todos os prefeitos eleitos em segundo turno no estado de São Paulo
Serão eles que, caso consigam manter a unidade, vão enfrentar uma eleição que promete ser, de novo, plebiscitária, em 2026. De um lado provavelmente Lula, tentando a reeleição e representando a esquerda e centro-esquerda (e a máquina do Estado). Do outro, uma centro-direita e direita com Jair Bolsonaro inelegível e em busca de um nome de consenso.
Mas que se considere: somada, essa frente já têm cerca de R$ 3 bilhões do fundo eleitoral, algo em torno de 60% do total. Juntos, esses partidos terão a partir de janeiro cerca de 4 mil prefeitos dos 5.570 do país, em torno de 70% do total.
ANÚNCIO
Sem um nome para já começar ser trabalhado, o Centrão tem a receita ideal para mais uma derrota, mas que a coalizão de São Paulo poderá ajudar a resolver. Principalmente com Tarcísio de Freitas, o governador chamado de “maior líder” por Nunes, o grande fiador de sua candidatura e talvez o maior vencedor destas eleições.
Em seu discurso, Nunes falou em equilíbrio, menos ideologia, mais realizações e agendas conectadas com a realidade. Talvez seja um caminho.
O discurso está pronto. Falta cuidar da complexa engenharia política para que a frente ampla de 2026 seja a da direita, não a da esquerda.
Tudo começa talvez na terça – a segunda-feira deve ser de respiro -, quando começam a ser rascunhados os espaços nos secretariados dos novos e reeleitos governos.
E que ninguém esqueça dos franco-atiradores, impulsionados por respeitáveis votações no primeiro turno. Caso de Pablo Marçal, em São Paulo. Com um partido nanico e sem fundo partidário, e graças à força das redes sociais e de um ar de inconformismo que sempre está em voga, abocanhou 1,7 milhão de votos.
Só lembrando, o terceiro colocado terminou a apenas 56.880 votos do segundo (Guilherme Boulos), menos de um ponto percentual de diferença. É a menor distância já vista de um candidato para a sua entrada no segundo turno. Para o governo do estado ou para presidente, ele garantiu que estará presente nas urnas.