O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela declarou que Nicolás Maduro foi reeleito presidente do país. Logo após o anúncio, países como China e Rússia, além dos aliados como Cuba, Bolívia e Colômbia, se apressaram e reconheceram a vitória. Por outro lado, os Estados Unidos e a União Europeia cobram transparência no resultado do pleito, enquanto o Brasil prega cautela e diz que vai aguardar as atas da eleição para se pronunciar oficialmente.
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“O governo continua acompanhando até ter os dados necessários para fazer uma coisa com base, como em toda eleição”, disse o enviado do governo brasileiro para Caracas, Celso Amorim, em entrevista ao site UOL. “O governo brasileiro continua acompanhando o desenrolar dos acontecimentos para poder chegar a uma avaliação baseada em fatos”, destacou.
A delegação brasileira está se reunindo com os observadores internacionais, justamente para entender o que está ocorrendo. “O problema que incomoda mais é a [falta de] transparência”, disse o diplomata brasileiro.
Conforme os dados divulgados pelo CNE, órgão responsável pela realização dos processos eleitorais no país, Maduro teve 51,2% dos votos (5,150 milhões) nas eleições de domingo (28). Já o seu opositor, Edmundo González Urrutia, recebeu 44,2% dos votos (4,445 milhões).
O órgão destacou que, por volta das 1h desta segunda-feira (29), no horário de Brasília, 80% das urnas já tinham sido apuradas. Porém, depois disso, esse balanço não foi mais atualizado.
Enquanto isso, Edmundo González fez um enigmático tweet em sua conta oficial da rede social X, no qual deu a entender a avaliação que faz das eleições.
“Os resultados são incontestáveis. O país escolheu uma mudança pacífica” disse Edmundo González. Em apenas 10 minutos, o tweet já tinha mais de 55.000 curtidas e cerca de 800.000 visualizações, o que mostra que o mundo está de olho na Venezuela neste momento.
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Já a líder oposicionista María Corina Machado, que foi impedia de concorrer no pleito, disse que as pesquisas internas que apontavam vitória da oposição com ampla margem em relação a Maduro e questionou o resultado divulgado pelo CNE. “Queremos dizer ao mundo que a Venezuela tem um novo presidente eleito e é Edmundo González Urrutia”, disse ela.

30% das atas
Por volta das 23h20 (horário local na Venezuela), a oposição fez uma declaração dirigida à imprensa. Ómar Barbosa, um dos porta-vozes desses setores políticos, fez um apelo à paz.
Entre outras coisas, os opositores pediram às autoridades eleitorais para não darem “um passo em falso” e ao oficialismo para não executar qualquer ação autoritária. Nesse sentido, pediram que haja uma mudança no caminho da paz.
No entanto, eles apontaram que têm enfrentado grandes obstáculos. Entre outras coisas, avisaram que só puderam obter 30 por cento das atas de votação, pois não permitiram que seus fiscais eleitorais tivessem acesso a esses documentos fundamentais para verificar os votos.
De acordo com ele, quase um terço dos votos já foram contados. Essa quantidade já permitiria ao CNE determinar se, de fato, há uma tendência a favor de um dos candidatos: o atual presidente venezuelano Nicolás Maduro ou o opositor Edmundo González.
MST comemora
Após a divulgação sobre a vitória de Maduro, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) comemorou, em uma nota conjunta com a juventude do PT.
“Assim como o povo venezuelano, desejamos que a Venezuela continue seu caminho de ascensão econômica e paz. Repudiamos qualquer tentativa de intervenção estrangeira e desestabilização interna por meio de violência, notícias falsas e manipulação. Respeitamos e defendemos a democracia, a verdade e o povo soberano venezuelano”, destacou o texto conjunto.
Os textos ressaltaram que Maduro foi reeleito “em meio a uma campanha fascista promovida pela extrema direita venezuelana e internacional, que mesmo antes da votação e dos resultados já bradavam fraude”. Segundo os movimentos, “a soberania do povo venezuelano e o seu direito ao voto prevaleceram”.
No entanto, muitos internautas criticaram a postura do MST: “Votei no Lula com muito orgulho, mas gostar de ditador só porque ele é de esquerda... que decepção. Bolsonarismo às avessas”, escreveu um usuário do X.
“Sinto o MST apoiar Maduro. Sou de esquerda, mas sou democrata. Nenhuma ditadura é aceitável. Nem ditadura de esquerda e nem de direita”, ressaltou mais um internauta.