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PM fingiu desistir de discussão antes de sacar arma e matar o lutador Leandro Lo, diz polícia

Policial tinha sido imobilizado e se afastou ao ser solto, mas deu alguns passos e atirou contra a vítima

Policial está preso pelo crime
PM Henrique Velozo fingiu desistir de briga antes de sacar arma e matar lutador Leandro Lo, diz polícia (Reprodução/Redes sociais)

O policial militar Henrique Otávio Oliveira Velozo, de 30 anos, preso por atirar e matar o campeão de jiu-jítsu Leandro Lo durante um show no Clube Sírio, na Zona Sul de São Paulo, fingiu desistir de uma discussão com a vítima antes de efetuar o disparo. Segundo a Polícia Civil, o lutador tinha imobilizado o PM durante a briga e, quando foi solto, ele se afastou um pouco demonstrando que tinha se acalmado, mas tirou a arma da cintura e atirou.

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O crime ocorreu no último sábado (6). De acordo com o inquérito policial, testemunhas relataram que o policial estava sem uniforme e com a arma escondida debaixo da roupa. Assim, depois de ter sido solto pelo lutador, ele virou-se de costas, deu alguns passos, mas repentinamente sacou o revólver e deu um único tiro, acertando a testa de Lo.

Após ser baleado, o lutador chegou a ser levado para o Hospital Municipal Arthur Saboya, também na Zona Sul, mas teve quadro de morte cerebral no domingo (7). Já Velozo fugiu após o crime.

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O PM passou a ser considerado foragido, mas acabou se entregando à Corregedoria da PM. Ele foi autuado pelo crime de homicídio doloso qualificado por dissimulação que dificultou defesa da vítima e motivo fútil.

O agente passou por uma audiência de custódia na segunda-feira (8) e a prisão dele foi mantida pela Justiça. Ele está no no presídio militar Romão Gomes, na Zona Norte da capital.

PM autor do disparo está preso
Lutador de jiu-jítsu Leandro Lo morreu após ser baleado na cabeça, em SP (Reprodução/Instagram)

Provocações

Um dos depoimentos colhidos pela polícia foi de um amigo de Leandro Lo, que o acompanhava durante o show de pagode. Ele contou que o lutador estava em uma mesa com um grupo, quando o PM se aproximou e colocou vários copos vazios em suas mãos, o que foi visto como uma provocação. O campeão mundial de jiu-jítsu se mostrou incomodado e chegou a relatar o fato, mas permaneceu quieto.

Logo depois, Velozo voltou novamente à mesa, pegou uma garrafa de uísque e a ergueu, novamente provocando o lutador. Foi aí que Lo derrubou o PM e se posicionou sobre ele, o imobilizando. Quando foi solto, o agente atirou contra a vítima.

O advogado do PM, João Carlos Campanini, disse ao site G1 que ainda não poderia comentar o assunto e nem dizer o que seu cliente alega em sua defesa. “Eu não tive conversa com ele ainda, não sei nem a versão dele sobre o que aconteceu”, destacou.

O tenente da PM já havia sido condenado pela Justiça Militar de São Paulo por desacatar e agredir outros policiais militares na boate The Week, na Capital, no ano de 2017.

Praticante de lutas

Segundo testemunhas contaram à Polícia Civil, Velozo também é praticante de lutas. Ele frequentava o tatame da Escola de Educação Física da Polícia Militar, na região central de São Paulo.

Reportagem do site UOL revelou que no ano passado o PM posou para uma foto que mostrou um escudo que mostra os aros olímpicos e o nome da “Lótus Team”, conhecida equipe de jiu-jítsu fundada pelo mestre Moisés Muradi. “Estamos todos muito abalados com o que aconteceu”, disse sobre a morte de Lo.

Muradi destacou que nunca encontrou o tenente da PM, mas confirma que um de seus ex-alunos deu aulas para o policial no tatame da PM.

A mãe de Leandro Lo, Fátima Lo, também disse que o policial militar era do ramo das artes marciais e que provocou o campeão de jiu-jítsu.

“Ele é faixa roxo, então conhecia o Leandro. Ele é do jiu-jítsu, não tem como não conhecer o Leandro porque ele é mundialmente conhecido. Não sei se o Leandro conhecia ele. Acho que foi premeditado porque meu filho estava com outros rapazes e todos são lutadores. olhando pra eles dá pra ver as características de lutador. Ele ficou toda hora provocando, começou a peitar o Leandro. O Leandro imobilizou ele. Se você vai sozinho para um lugar e vai provocar uma mesa só de lutador, está com má intenção”, ressaltou Fátima.

Investigação

O caso foi inicialmente registrado no 17º Distrito Policial (DP) do Ipiranga, mas será investigado pelo 16º DP da Vila Clementino. A Polícia Civil diz que busca mais imagens de câmeras de segurança que podem mostrar outros ângulos do crime. Um vídeo obtido já mostrou a confusão durante o show logo após o tiro e depois o resgate do lutador.

A polícia diz que também requisitou à Polícia Técnico-Científica que faça uma perícia de confronto balístico entre a bala encontrada no corpo de Leandro e a arma que o PM apresentou à polícia.

Além da investigação civil, Velozo também é investigado pela Corregedoria da PM, que apura a conduta do tenente para saber se ele cometeu algum crime militar.

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