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Procura por profissionais da saúde cresceu mais de 700% em 2020, revela levantamento

Profissões como fisioterapeuta hospitalar e respiratório se tornaram protagonistas da luta contra a Covid-19

A procura por profissionais da área da saúde apresentou crescimento de mais de 700% em 2020 em comparação com o ano anterior. É o que revela um levantamento feito pela Catho, site de classificados de empregos.

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Profissões como fisioterapeuta hospitalar e respiratório se tornaram protagonistas da luta contra a Covid-19, e a abertura de vagas para esses cargos subiu 725% e 716%, respectivamente. 

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A alta demanda explica o cenário, algo esperado em meio a uma pandemia, conforme comenta Bianca Machado, gerente sênior da Catho. «A busca pelos profissionais da saúde deve seguir acentuada até que a Covid-19 esteja de fato controlada ou que chegue ao fim», diz.

Confira o cargos mais solicitados e seu crescimento:
CargoCrescimento
Fisioterapeuta  Hospitalar725%
Fisiotarapeuta  Respiratório716%
Médico Intensivista356%
Enfermeiro  de UTI227%
Auxiliar de Enfermagem176%  

Colapso nos hospitais

Profissionais da saúde atuando no combate à covid-19 Erbs Jr./FramePhoto/Folhapress

Hospitais de todo o Brasil vivem um cenário dramático. Em São Paulo, as taxas de ocupação dos leitos de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) estavam em 91,6% tanto no Estado quanto na Grande São Paulo na última sexta-feira (dia 26). É preciso entender que não apenas faltam recursos materiais, mas também mão de obra especializada.

«Em se tratando da linha de frente, estamos tendo mais carência em relação às posições que exigem profissionais da saúde com conhecimento anterior. É o caso de enfermeiros, técnicos de enfermagem e auxiliares. Nesse três perfis, a maior exigência agora está relacionada à experiência em UTI», afirma Anderson Nagado, diretor de Consultoria do Grupo Soulan, de recursos humanos.

Nagado explica que, em um cenário de pandemia, o profissional já tem que chegar trabalhando, pronto para salvar vidas, uma vez que os hospitais não têm tempo e nem condições de treiná-los. «Há esse desalinhamento do mercado em relação ao profissional que não tem a bagagem, mas está disponível, e aquele que tem a bagagem e está sendo disputado pelos hospitais para entrar e trabalhar.»

A pandemia forçou mudanças nos processos seletivos, uma vez que houve a necessidade de agilizar as contratações.

«Hospitais e empresas que precisam desses profissionais da saúde entenderam que o modelo de processo teve de ser acelerado e, muitas vezes, racionalizados mais para a questão curricular dos candidatos em detrimento das questões comportamentais. O foco passou a ser a bagagem e conhecimentos técnicos para assumir uma UTI, por exemplo. Foco na formação e conhecimentos técnicos são os diferenciais do momento», aponta o diretor.

Esgotamento físico e mental dos profissionais da saúde

Os profissionais que passaram a ser disputados no mercado viram, consequentemente, a carga de trabalho subir de uma maneira sem precedentes. Nesse contexto, a saúde mental desses trabalhadores tem sido brutalmente atingida.

«Os profissionais estão convivendo com um nível elevado de pressão e cobrança. Perder uma vida nas próprias mãos não é fácil. Depois, é preciso voltar para casa junto à família, com medo e cansados após dobrar turnos na tentativa de atender toda a demanda», afirma Nagado.

Os desgastes emocional e físico acarretam problemas sérios, como o chamado Burnout, situação de extremo desgaste. «Muitas vezes o profissional precisa se afastar, já que não consegue mais dar conta de tudo isso. Estamos falando de seres humanos que tentam fazer o melhor, mas dentro de uma situação de falta de estrutura. É certo dizer que muitos estão trabalhando no seu limite», finaliza.

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