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Atlas da Violência: Negros são 75% das vítimas de homicídio

Manifestação em junho de 2020 Alexandre Schneider/Getty Images (Alexandre Schneider/Getty Images)

Em uma década, a taxa de assassinatos cometidos contra pessoas negras no Brasil cresceu 11,5% enquanto  entre as pessoas não negras houve queda de 12,9%.

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Os dados foram revelados ontem e são do Atlas da Violência, um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública com base em estatísticas do Ministério da Saúde.

Segundo o levantamento, que traça o perfil das mortes violentas no país, a taxa de homicídios por 100 mil habitantes entre os negros (pretos e pardos, na definição do IBGE) passou de 34 para 37,8, entre 2008 e 2018 – uma alta 11,5%. Em números absolutos, o salto foi de 32,7 mil para 43,8 mil negros assassinados, um aumento de 34,2%.

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Entre os não negros (brancos, amarelos e indígenas), a tendência é inversa. Entre 2008 e 2018, a taxa de assassinatos por 100 mil caiu de 15,9 para 13,9 – queda de 12,9%. Em números absolutos, a redução foi de 15 mil para 12,7 mil mortes, um decréscimo de 15,4%.

Só em 2018, 75% das vítimas de homicídios eram negras. Na prática, significa dizer que para cada não negro assassinado, outros 2,7 negros foram mortos violentamente.

De acordo com os pesquisadores, “a forte concentração dos índices de violência letal na população negra é uma das principais expressões das desigualdades raciais existentes no Brasil.”

O mesmo padrão se repete com as mulheres. Entre 2008 e 2018, enquanto a taxa entre as negras assassinadas por 100 mil cresceu 12,4% (de 4,6 para 5,2), entre as não negras caiu 11,7% (de 3,2 para 2,8).

Só em 2018, 4.519 mulheres foram assassinadas no Brasil – o que representa um homicídio a cada duas horas. 68% das vítimas eram negras.

São Paulo tem a menor taxa

O recorte por estado do Atlas da Violência mostra que os homicídios estão em queda no estado. A taxa por 100 mil habitantes caiu 47%: de 15,4 para 8,2 – a menor do país em 2018. A maior era a de Roraima, com 71,8. Já o número total de mortes em São Paulo baixou 41,1% (de 6,3 mil para 3,7 mil assassinatos). Em números absolutos, a Bahia era o estado com mais homicídios, 6,7 mil. 

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