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Tráfico de cocaína do Brasil para a Europa busca mais as rotas marítimas

Apreensões em portos e no litoral mostram opção pela via para enviar droga ao velho continente

Os aeroportos perderam a preferência entre os grandes traficantes para mandar cocaína para a Europa. Se antes a maior parte do tráfico era feita por “mulas” que transportavam pequenas quantidades em aviões, agora as cargas são maiores e a via marítima é a preferida.

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O resultado é que as apreensões da droga nos portos brasileiros dispararam. O de Santos (SP) continua sendo o mais visado, mas o de Paranaguá (PR) é o que vem ganhando mais importância entre os traficantes. No primeiro semestre deste ano, a Receita Federal já fez apreensões em seis portos brasileiros, totalizando 24,8 toneladas que têm como destino portos europeus, um crescimento de 133% sobre os seis primeiros meses de 2018.

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Juntos, os portos de Santos e Paranaguá responderam por 76,6% da cocaína apreendida nos primeiros seis meses deste ano em portos. Em Santos, foram 12,1 toneladas, 63,5% a mais do que no mesmo período de 2018. Em Paranaguá, o crescimento foi ainda maior: 138%. Foram 6,9 toneladas no primeiro semestre e 3,6 toneladas em 2018.

Os métodos do tráfico

Com o aumento na fiscalização nos portos por parte da Receita Federal, os traficantes desenvolveram outra forma de embarcar a droga: içando a droga para as embarcações quando elas já estão em alto-mar. Essa modalidade já havia sido identificada no litoral do São Paulo e recentemente passou a ser investigada nas praias do Paraná. No dia 20 de julho, foram apreendidas 3,3 toneladas de cocaína em uma marina na praia de Guaratuba. Foram apreendidas embarcações que seriam utilizadas para levar a droga até os navios.

Outra apreensão, de 734 kg, foi feita dois dias depois, em Paranaguá. A PF (Polícia Federal) apura se os dois casos têm relação, mas não se pronunciou sobre o inquérito para não atrapalhar investigações.

Este foi o caminho percorrido pela droga encontrada em um navio de bandeira italiana na África, no dia 1º de julho. As autoridades do Senegal localizaram 798 kg de cocaína em uma carga de veículos que tinha sido embarcada em Paranaguá. A cocaína não foi localizada pela fiscalização no porto. O navio seguiria para a Itália.

“Essa cocaína apreendida em Guaratuba e Paranaguá estava com materiais para ser içada pelos navios”, conta o major da Polícia Militar do Paraná César Kamakawa, chefe da UASP (Unidade Administrativa de Segurança Portuária) em Paranaguá. “O navio não precisa nem estar parado para fazer esse tipo de operação. Os traficantes usam barcos infláveis que não danificam o casco da embarcação”.

Via marítima

Traficantes têm utilizado cada vez mais os navios de carga que saem do Brasil para transportar cocaína. Droga pode ser inserida no porto ou em alto-mar

Nos portos

Traficantes inserem a droga em cargas lícitas, fora ou dentro dos portos. Na maioria das vezes, as empresas exportadoras não têm conhecimento. Como a Receita Federal conta com scanners para avaliar as cargas, muitas vezes a cocaína é inserida já no pátio do porto. A modalidade é conhecida pelas autoridades como rip-on/rip-off – a droga é inserida em uma carga lícita e os traficantes voltam a fechar o contêiner.

No mar

A cocaína que entra no Brasil pela Bolívia, pelo Peru, pela Colômbia ou mais recentemente pelo Paraguai fica estocada no litoral. Os traficantes usam embarcações para levar a cocaína até o mar, onde içam a droga em algum navio que tem a Europa como destino. Recentemente os traficantes também passaram a usar navios de carga que fazem escala na África antes de desembarcarem na Europa.

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