Um relatório entregue à Câmara Municipal pelo sindicato dos trabalhadores do SAMU aponta uma série de falhas nas novas bases de atendimento implementadas pela Prefeitura de São Paulo.
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A administração municipal questiona o método utilizado para elaborar o documento, mas reconhece algumas das deficiências que constam no diagnóstico.
Quatro meses após o início do processo de descentralização das bases, ainda não é possível perceber mudanças no atendimento.
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Alguns dos problemas são falta de local para higienização de equipamentos e viaturas, funcionários compartilhando espaços com pacientes, viaturas que não rodam 24 por dia, atendimentos feitos até 12 horas após o chamado.
Foram fiscalizadas pelo sindicato 60 de 72 bases e, por meio de entrevistas com os trabalhadores do Serviço Móvel de Urgência, o diagnóstico foi traçado.
A Prefeitura de SP questiona o método utilizado pela entidade que, além de não ter visitado todas as bases, entrevistou um número pequeno de servidores dentro de mais de 1.300 funcionários.
Quando a descentralização foi anunciada, a justificativa da Prefeitura foi a de que, funcionando em equipamentos públicos já existentes, como as UBS’s e Hospitais, o tempo de resposta do SAMU diminuiria.
Mas o relatório aponta que quase dois terços dos novos postos de trabalho simplesmente não recebem vítimas socorridas pelo SAMU.
Marcelo Takano diz que o período era de transição e que, agora, será possível otimizar o funcionamento dessas bases.
Atualmente, 122 ambulâncias do SAMU circulam pela cidade, 18 foram entregues recentemente e outras 72 devem chegar até o final do ano.
Em nome da comissão de trabalhadores do SAMU que realizou a pesquisa, o Sindesp (Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Município de São Paulo) emitiu uma nota de repúdio às declarações de Takano. Segundo o grupo, «a administração municipal se preocupa em desviar o foco da preocupante situação do SAMU e justificar, a qualquer custo, uma reorganização que diminui a qualidade e a agilidade do SAMU, aumentando sofrimentos e provocando mortes evitáveis de cidadãos paulistano».
Leia a nota do Sindesp na íntegra:
Repudiamos as afirmações da administração municipal que, por meio do sr. Marcelo Takano, coordenador de regulação da SMS, questionou a validade do Relatório das Visitas aos Pontos de Assistência do SAMU de São Paulo.
Visitamos 60 de 78 pontos de assistência do SAMU de São Paulo, portanto, visitamos, 77% do total de pontos de assistência do SAMU;
Informamos que os pontos não visitados são aqueles que já estavam situados no mesmo local antes do processo de reestruturação instaurado pela Portaria Municipal Nº 190/2019, logo não eram objeto de nossos questionamentos;
Entrevistamos, por meio de um questionário semiaberto, 150 trabalhadores/as, portanto, entrevistamos 11,5% do total de trabalhadores/as do SAMU de São Paulo composto por cerca de 1.300 trabalhadores/as;
Informamos que as visitas foram acordadas em mesa de negociação com o governo, ratificada pelo Ministério Público de São Paulo, e que a comissão composta pelos membros da administração municipal esteve presente em todas os locais de pesquisa e que as informações disponibilizadas pelo relatório dos trabalhadores podem ser confirmadas pelo relatório da administração (não obstante as estruturas de relatório serem diferentes);
Ressaltamos que qualquer pesquisa quantitativa que visita (in loco) 77% dos locais de trabalho, bem como entrevistas uma amostra de 11,5% dentro do universo total de trabalhadores tem sua validade técnico-científica comprovada.
Mais uma vez, a administração municipal, por meio do coordenador de regulação da Secretaria Municipal de Saúde, lança mão de argumentos de conveniência na tentativa de mascarar a piora na qualidade e o aumento no tempo resposta dos atendimentos à população: no lugar de olhar com responsabilidade técnica, política e ética o relatório dos trabalhadores com a finalidade de resolver os problemas colocados, a administração municipal se preocupa em desviar o foco da preocupante situação do SAMU e justificar, a qualquer custo, uma reorganização que diminui a qualidade e a agilidade do SAMU, aumentando sofrimentos e provocando mortes evitáveis de cidadãos paulistanos.