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Falta de diálogo trava projetos na Câmara de São Paulo

Assim como a presidente Dilma Roussef (PT) vem enfrentando uma rebelião de partidos aliados em Brasília por mais cargos e postos em ministérios, em São Paulo, o prefeito Fernando Haddad (PT) também não tem tido uma vida fácil.

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Desde a retomada dos trabalhos no mês passado, os vereadores não aprovaram nenhum projeto relevante. Nesta quinta-feira, a vítima foi a proposta de alargamento de 66 vias para a criação de 150 km de corredores de ônibus na capital. Uma das principais promessas do prefeito para melhorar o transporte público, o texto não foi à discussão porque parte dos aliados sequer compareceu à sessão.

O projeto que altera o Plano Diretor e dá as novas diretrizes de desenvolvimento urbano também teve a entrega adiada. O governo tomou a medida por medo de sofrer uma derrota na Casa.

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A chiadeira dos vereadores já é conhecida, mas conta agora com novos ingredientes. Além de pedidos de mais cargos, secretarias, subprefeituras e liberação de emendas, eles reclamam de como o loteamento da máquina pública é feita.

A queixa é que uma mesma subprefeitura está nas mãos de mais um partido, não há um negociador com “tato” na Câmara e o próprio PT tem mostrado insatisfação com o tratamento dado por Haddad à base aliada.

A reclamação generalizada é que o ex-secretário de Relações Governamentais, João Antonio, hoje conselheiro do Tribunal de Contas, foi fraco nas “negociações” e costumava tratar cada “pedido” individualmente. O problema foi se agravando e  isso teria gerado uma divisão na base. Para piorar, o novo secretário responsável pelo diálogo com a Câmara, Paulo Frateschi, sequer é conhecido por parte dos vereadores. “Nunca veio falar comigo. O mesmo ocorreu no projeto do IPTU.  Na força, não vai”, afirmou Marco Aurélio Cunha (PSD).

“Você quer a subprefeitura para trabalhar para a cidade, mas algumas são controladas por mais de um  partido. Quem acaba controlando é o concursado”, reclama Adilson Amadeu (PTB).

Dentro do PMDB, principal aliado, também há queixas de “demandas represadas”. Enquanto a cidade espera uma solução, o governo nega crise. “O canal de negociação tem sido muito transparente e o diálogo sempre está aberto. Quem diz que o canal é fraco está mentindo”, afirma o líder do PT, Alfredo Cavalcante.

Câmara teme reação das ruas

Desde os protestos de junho do ano passado, os vereadores têm procurado medir a reação das ruas antes de aprovar projetos de grande repercussão do Executivo.

Foi assim na vitória apertada da prefeitura com a aprovação do IPTU, em outubro do ano passado, e na sessão de ontem com a suspensão das conversas sobre o projeto dos corredores.

A presença de um grupo de comerciantes nas galerias da Câmara, que protestavam contra a construção do corredor na avenida Nossa Senhora do Sabará, na zona sul, foi um dos fatores que levou o vereador Marco Aurélio Cunha (PSD) a se manifestar por mais estudos antes da votação do texto.

“Não dá mais para virar as costas para a sociedade. Protestos como esses surgem da sociedade civil e sem conotação partidária”, afirma.

Para o vereador Adilson Amadeu (PTB), a queda na aprovação de Haddad depois dos protestos mudou o posicionamento de alguns vereadores. “É só andar nas ruas. Caiu a aprovação”.

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