Para fazer a passagem, se lembrar e até mesmo celebrar a morte, existem diversos tipos de cultura ao redor do mundo. Na tradição judaica, as pessoas as pessoas passam por um período de sete dias em luto, conhecido como Shivá, enquanto no hinduísmo o corpo é cremado dentro de 24 horas após a morte para devolvê-lo aos elementos.
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Dentre as diversas formas de passar pelo luto, um estudo recente analisou as ‘tatuagens memoriais’, uma tatuagem que homenageia o ente querido falecido, e questionou se elas realmente ajudam a lidar com a perda. Swann Thomas, da Staffordshire University, no Reino Unido e sua equipe de pesquisa conduziram entrevistas semiestruturadas com seis participantes e, em seguida, analisaram os temas. Os resultados mostraram que as tatuagens podem ter funções importantes no processo de luto, como modos de expressão e comunicação, e preservando um apego contínuo ao falecido.
Permanência
A maioria dos participantes destacou a importância da permanência na realização de uma tatuagem memorial. A tatuagem se transforma em um memorial, que ajuda os indivíduos enlutados com “não esquecimento”.
Ferramenta para gerenciar o luto
Tatuagens memoriais ajudaram esses participantes a se ajustarem em relação a perda e deram uma “nova existência” para a pessoa que faleceu. Outros participantes sentiram que fazer uma tatuagem memorial os ajudou a enfrentar sua dor e a ter uma melhor compreensão do que estavam sentindo.
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Ferramentas Comunicativas
Elas servem para que as pessoas consigam se abrir e falar sobre o ente querido, o que pode ser uma necessidade importante para os enlutados. Esse tema emergiu nas entrevistas de quatro maneiras:
- Capacidade de abertura de diálogo. Tatuagens podem estimular a comunicação com outras pessoas e podem convidar a conversas sobre a perda;
- “Conversando” com os mortos. A tatuagem pode funcionar como uma espécie de representação interna do falecido, e uma forma de permanecer ligado à pessoa que se perdeu;
- Pedido sem resposta. Embora as tatuagens memoriais sejam “cicatrizes que falam”, elas não exigem uma resposta dos outros;
- Omissão tática. Aqueles com tatuagens memoriais podem escolher com quem querem compartilhar sua história, e podem fazê-lo com base na reação dos ouvintes.
Vínculos Contínuos
Essa é a ideia de que as representações internalizadas dos outros se tornam parte de quem somos e, portanto, podem ajudar a preservar o apego aos nossos entes queridos. “…proximidade é uma grande coisa. Eu acho que é apenas um pouco de alguém perto de você o tempo todo. E mesmo que não seja seu corpo físico ou seu eu físico, eles estão incorporados nisso”, relatou um dos participantes.
Transformação do ‘eu’
Todos os participantes relataram que sua tatuagem memorial incitou uma mudança em sua identidade em pelo menos um aspecto de suas vidas. “Isso me fez crescer como pessoa, em confiança e expressão, e me permitiu lidar com as coisas e não ter vergonha de falar sobre coisas que me incomodam. Porque não há problema em chorar, não há problema em ficar chateado”, disse outro participante.
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