A obra se propõe a tecer um retrato da própria geração do autor, que cresceu nos anos 1990, quando a internet era apenas uma novidade excitante e desconhecida. O resultado é um livro ao mesmo tempo caricato e perturbador.
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Ambientada na Porto Alegre de 2014, em meio a uma onda de calor e protestos, a trama segue três amigos que se reencontram após a morte de um quarto companheiro, o bem-sucedido escritor Andrei, conhecido como Duque. A partir da tragédia, o jornalista freelancer Emiliano é contratado para escrever a biografia de Andrei ao mesmo tempo que a doutoranda em biologia Aurora e o publicitário Antero vão se reconectar – e colidir – em uma mistura de saudosismo e desesperança.
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O tom que permeia o romance é o mesmo: a sensação de um fim de mundo iminente. Os personagens se sentem profundamente infelizes ao encarar as perspectivas de futuro, enquanto o calor incendeia a cidade e a tecnologia os persegue – não da forma como imaginaram que seria.
Embora tenha negado em suas redes sociais que o livro se inspire em personagens reais, Galera cai na tentação de se aproximar demais de seu universo.
Os protagonistas do livro foram unidos durante o fim da faculdade por participarem de um fanzine literário, o Orangotango – o próprio escritor, além de ter colaborado com alguns, como o hoje cult Cardosonline, iniciou a carreira literária com publicações independentes. O personagem Duque parece, em alguns momentos, uma espécie de alter ego irônico do seu criador.
De forma pouco efetiva, também são inseridos no contexto os efeitos das manifestações políticas que explodiram no país em 2013. Tudo soa, entretanto, como uma tentativa forçada de encaixar o contemporâneo em uma história de memórias.