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Balé da Cidade sobe em pontas para refletir sobre imagem e corpo em nova obra

Os pensamentos do filósofo francês Jean-Luc Nancy em torno do corpo são a base de “Corpus”, criação do português André Mesquita que estreia nesta quarta-feira (8) com o Balé da Cidade de São Paulo.

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“Falo da condição dos corpos, do peso e da queda deles subordinados à gravidade, e também de conceitos filosóficos e da ideia de imagem que um corpo oferece ao outro. Busquei criar uma linguagem mais ou menos próxima das ideias que eu e os bailarinos tivemos ao ler Nancy”, explica ele.

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Visando explorar as oposições entre peso e elevação, o coreógrafo reencontrou um ícone do balé clássico: a sapatilha de ponta. “A ponta está presente no contemporâneo há muitas décadas. [O coreógrafo americano] William Forsythe abriu todas as portas e criou uma linguagem do clássico coerente com o século 21. Era uma vontade antiga trabalhar com ela para pensar até que ponto é possível se elevar. Depois da ponta há a queda, a ideia de massa e a procura de nuances”, diz.

Além desse desafio técnico, o coreógrafo também encontrou pelo caminho um grande número de bailarinos: 24 deles sobem ao palco em «Corpus». «Esse é um desafio que eu queria me propor. Raramente tenho oportunidade de trabalhar com essa quantidade de bailarinos. As massas me interessam, e sei que posso fazer [essa dinâmica] funcionar.»

«O trabalho dele em grupo me interessa muito. Ele tem uma movimentação muito especial, cheia de detalhes, e os bailarinos se sentem bem com ela, existe uma conversa boa entre eles», afirma a diretora artística da companhia, Iracity Cardoso.

Mesquita já coreografou para a companhia em 2011, quando se inspirou em Fernando Pessoa para criar a densa e soturna “Cidade Incerta”, e, em 2014, com a criação da Dança dos Sete Véus da ópera “Salomé”. Agora, ele toma emprestado composições de Bach, Berlioz e Smetana em versões executadas e descontruídas ao vivo  pela Orquestra Experimental de Repertório, sob a regência de Carlos Moreno.

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“Criamos um loop, depois algumas coisas se atropelam. Buscamos alargar e desconstruir o tempo, o que é muito difícil”, afirma o português.

Além da estreia, o programa do Balé da Cidade de São Paulo que fica em cartaz até domingo (12) terá ainda remontagens de “Adastra”, do espanhol Cayetano Soto, e “O Balcão de Amor”, do israelense Itzik Galili, ambas criações originais para a companhia.

Veja cenas de «Adastra», que integra a temporada do Balé da Cidade de São Paulo:

Serviço:
No Theatro Municipal (pça. Ramos de Azevedo, s/n, Centro, tel.: 3053-2100). Estreia quarta-feira (8). De qua. a sáb., às 20h; dom., às 17h. De R$ 25 a R$ 90. Até 12/6.

 

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