A Polícia Civil segue investigando o caso do adolescente de 16 anos, que foi apreendido ao confessar que matou os pais e a irmã adotivos a tiros, na Vila Jaguara, na Zona Oeste de São Paulo. Na quarta-feira (22), parentes das vítimas começaram a prestar depoimento. O objetivo é entender se o menor tinha algum problema antigo com os pais ou histórico de violência. A corporação também quer que ele passe por um exame de sanidade mental, que deve determinar se ele estava em sã consciência quando cometeu os assassinatos.
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O delegado Roberto Afonso, responsável pelo caso, disse que o adolescente detalhou o crime com riqueza de detalhes, sem demonstrar nenhum sinal de arrependimento. Essa frieza chamou a atenção, assim, reforça a necessidade da análise psicológica.
“É preciso fazer um exame de higidez mental? Sem dúvida. Para saber se o garoto estava em sã consciência porque nós também utilizamos o critério biológico para o menor de idade. Então, é um critério para política criminal. Leva-se em consideração o momento mental do adolescente, isso tudo tem que ser analisado, sem dúvida, com muita seriedade. O Ministério Público fará isso e vamos aguardar o laudo”, disse o delegado ao G1.
“A solicitação do exame é um incidente que a polícia pode até provocar. Não tem a necessidade de esperar os três anos de internação dele na Fundação Casa. Pode-se fazer o quanto antes, para saber o que podemos estipular com relação à penalização ou não de um adolescente que sofre de alguma coisa”, ressaltou Afonso.
Se confirmada que o adolescente sofre de algum transtorno ou insanidade, ele poderá ficar internado por tempo indeterminado.
Ida até padaria
Imagens de câmeras de segurança mostram o adolescente indo tranquilamente a uma padaria um dia após os crimes (assista abaixo). O vídeo mostra ele caminhando pela rua, entrando no comércio e, após comprar produtos, fez o pagamento em dinheiro e voltou para casa. Lá, estavam os corpos de Isac Tavares Santos, de 57 anos, Solange Aparecida Gomes, de 50, e Letícia Gomes Santos, de 16.
O garoto esteve na padaria às 15h24 do último sábado (18) e foi embora dois minutos depois. Em depoimento à polícia, ele disse que matou o pai e a irmã, por volta das 13h20 de sexta-feira (17), e a mãe por volta das 19h do mesmo dia. Porém, o caso só foi descoberto na noite de domingo (19), quando o próprio adolescente ligou para a PM e confessou o que tinha feito.
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Antes de se entregar, o garoto chegou a se passar pelo pai ao mandar mensagem para a Guarda Civil Municipal de Jundiaí, na Grande São Paulo, justificando a ausência dele no trabalho. Isac, que era agente no local há 12 anos, estava escalado para o plantão do último sábado (18), mas foi morto no dia anterior.
Como não apareceu para o plantão, um colega mandou mensagem no WhatsApp de Isac perguntando o que tinha acontecido. No domingo (19), o adolescente se passou pelo pai e respondeu: “Bom dia, estou doente”.
Cronologia do crime
O adolescente contou em depoimento que primeiro ele matou o pai e em seguida ele pretendia matar a mãe, mas a mulher estava trabalhando e só chegaria em casa horas mais tarde. Como a irmã estava na residência e o questionou sobre a morte do genitor, ele também precisou matá-la, pois ela poderia pedir socorro. Apesar disso, ele reafirmou que tinha um bom relacionamento com Letícia e que gostava dela.
Veja abaixo o passo a passo dos assassinatos:
Quinta-feira (16/05)
- De acordo com o boletim de ocorrência, o menor disse que houve uma briga com os pais, quando eles “o teriam chamado de vagabundo, tiraram seu celular e, não podendo usar o aparelho para fazer uma apresentação da escola”. Assim, ele planejou matá-los.
Sexta-feira (17/05)
- Menor afirma que pegou a arma do pai, pois sabia onde ele a escondia. Na sequência, atirou contra a cama do casal para “testar”;
- Naquele dia, ele aguardou o pai chegar em casa, pois ele tinha ido buscar a irmã na escola. Era por volta de 13h20 quando Isac e Letícia chegaram. O homem foi morto com um tiro na nuca enquanto estava na cozinha, sendo que a irmã foi atingida por um disparo no rosto ao questionar o que tinha acontecido com o genitor;
- Depois de matar as duas vítimas, o adolescente afirmou que almoçou ao lado dos cadáveres e seguiu para a academia, onde fez seu treino normalmente. Ele voltou para casa e aguardou a chegada da mãe do trabalho. Quando Solange entrou na residência, por volta das 19h, viu os corpos e começou a gritar. Na sequência, ela também foi assassinada.
Sábado (18/05)
- Adolescente disse que acordou e foi para a academia mais uma vez. Quando voltou para casa, cravou uma faca contra as costas da mãe, pois ainda “sentia muita raiva” pelo confisco do seu celular;
- Garoto disse que passou o dia normalmente, foi até uma padaria, comprou alimentos, enquanto os corpos seguiam nos mesmos locais.
Domingo (19/05)
- Adolescente ligou para a Polícia Militar por volta das 22h55, quando confessou o que tinha feito. Os agentes seguiram até a residência, onde localizaram os corpos e o apreenderam;
- Perícia foi acionada e seguiu realizando trabalhos até a manhã de segunda-feira (20).