O adolescente de 16 anos, que foi apreendido ao confessar que matou os pais e a irmã adotivos a tiros, na Vila Jaguara, na Zona Oeste de São Paulo, chegou a se passar por Isac Tavares Santos, de 57 anos, ao mandar mensagem para a Guarda Civil Municipal de Jundiaí, na Grande São Paulo, justificando a ausência dele no trabalho. O homem, que era agente no local há 12 anos, estava escalado para o plantão do último sábado (18), mas foi morto no dia anterior.
ANÚNCIO
Como não apareceu para o plantão, um colega mandou mensagem no WhatsApp de Isac perguntando o que tinha acontecido. No domingo (19), o adolescente se passou pelo pai e respondeu: “Bom dia, estou doente”.
Porém, segundo relato do próprio menor à polícia, os assassinatos foram cometidos na última sexta-feira (17). Primeiro ele matou o pai e em seguida ele pretendia matar a mãe, Solange Aparecida Gomes, de 50, mas a mulher estava trabalhando e só chegaria em casa horas mais tarde. Como a irmã, Letícia Gomes Santos, de 16, estava na residência e o questionou sobre a morte do genitor, ele também precisou matá-la, pois ela poderia pedir socorro.
“Ele fala que deu um tiro na nuca do pai. Aí a irmã ouviu o disparo, e ele acessou o primeiro andar e efetuou um disparo no rosto da irmã. Aguardou a mãe chegar. A mãe chegou e fez mais um disparo. Acertou a mãe. No dia seguinte, ele ainda pegou a faca e ainda esfaqueou a mãe porque ainda sentia raiva”, contou o delegado Roberto Afonso ao G1.
O investigador revelou, ainda, que o garoto ficou surpreso ao saber que seria apreendido. “Ele tomou um susto. Foi uma surpresa pra ele que na hora que foi falado: ‘você vai ser preso’. Ele se espantou com isso. A gente não sabe se ele estava fora da realidade com relação à apreensão ou pode ser que ele tenha considerado que é um adolescente. A gente vai estar analisando lá na frente”, disse.
Apesar disso, não demonstrou arrependimento ao detalhar como cometeu os assassinatos. Por isso, ele deverá ser submetido a uma avaliação psicológica.
O delegado já tinha dito que acredita que o garoto cometeu o crime por causa de uma “frustração momentânea”, já que teria ficado com raiva dos pais ao ter o celular confiscado. Mesmo assim, a investigação apura se ele planejou os assassinatos e se teve ajuda de alguém. O telefone e o computador dele foram apreendidos e passam por perícia.
ANÚNCIO
O caso foi registrado como ato infracional por homicídio, feminicídio, posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito e vilipêndio de cadáver. A arma usada no crime também foi apreendida.
Relembre o caso
O crime chocante foi descoberto na noite de domingo (19), depois que o próprio adolescente ligou para a Polícia Militar e confessou o que fez. Os agentes foram ao local e encontraram os corpos das vítimas.
O menor disse que os matou na última sexta-feira (17) e passou o fim de semana com as vítimas dentro de casa até acionar a corporação.
Em depoimento à polícia, ele revelou que já tinha pensando antes em matar os responsáveis e reafirmou que, se pudesse, “faria tudo de novo”. O garoto também detalhou qual foi a cronologia do crime.
Veja abaixo:
Quinta-feira (16/05)
- De acordo com o boletim de ocorrência, o menor disse que houve uma briga com os pais, quando eles “o teriam chamado de vagabundo, tiraram seu celular e, não podendo usar o aparelho para fazer uma apresentação da escola”. Assim, ele planejou matá-los.
Sexta-feira (17/05)
- Menor afirma que pegou a arma do pai, pois sabia onde ele a escondia. Na sequência, atirou contra a cama do casal para “testar”;
- Naquele dia, ele aguardou o pai chegar em casa, pois ele tinha ido buscar a irmã na escola. Era por volta de 13h20 quando Isac e Letícia chegaram. O homem foi morto com um tiro na nuca enquanto estava na cozinha, sendo que a irmã foi atingida por um disparo no rosto ao questionar o que tinha acontecido com o genitor;
- Depois de matar as duas vítimas, o adolescente afirmou que almoçou ao lado dos cadáveres e seguiu para a academia, onde fez seu treino normalmente. Ele voltou para casa e aguardou a chegada da mãe do trabalho. Quando Solange entrou na residência, por volta das 19h, viu os corpos e começou a gritar. Na sequência, ela também foi assassinada.
Sábado (18/05)
- Adolescente disse que acordou e foi para a academia mais uma vez. Quando voltou para casa, cravou uma faca contra as costas da mãe, pois ainda “sentia muita raiva” pelo confisco do seu celular;
- Garoto disse que passou o dia normalmente, foi até uma padaria, comprou alimentos, enquanto os corpos seguiam nos mesmos locais.
Domingo (19/05)
- Adolescente ligou para a Polícia Militar por volta das 22h55, quando confessou o que tinha feito. Os agentes seguiram até a residência, onde localizaram os corpos e o apreenderam;
- Perícia foi acionada e seguiu realizando trabalhos até a manhã de segunda-feira (20).