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Casos de catapora têm alta em São Paulo; veja como se prevenir da doença

Até outubro deste ano, foram registrados no município 56 surtos de varicela na Capital

Capital registrou 213 casos de catapora até 5 de outubro, um aumento de 65% em relação a 2021
Capital registrou 213 casos de catapora até 5 de outubro, um aumento de 65% em relação a 2021 (Divulgação/ Freepik)

Um levantamento da Prefeitura de São Paulo mostrou que, até outubro deste ano, foram registrados no município 56 surtos de varicela, a famosa catapora. Ao todo, foram 213 casos da infecção nesse período na cidade, um aumento de 65% em comparação a todo ano de 2021. Tendo em vista esse cenário, o CEJAM (Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”) faz um alerta para a importância da prevenção e vacinação contra a doença.

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“Nos últimos quatro anos, o Ministério da Saúde não fez campanha de vacinação no País. Antes de 2014, a abrangência da vacinação era de 95% da população. Caiu para 90% em 2016 e, atualmente, está próxima de 50%. Isso é gravíssimo”, avalia a infectologista Rebecca Saad, do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do CEJAM.

A especialista alerta que, diferentemente do que a maioria das pessoas acredita, a catapora pode matar por complicações como encefalite e pneumonite, principalmente em idosos e pacientes do grupo de risco que tem imunodeficiência.

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A médica lembra que, antigamente, a catapora era uma doença de alta incidência, especialmente entre as crianças. Inclusive, a sabedoria popular sugeria que elas fossem incentivadas a pegar a doença para não sofrerem de um mal maior quando adultas. “No Brasil, o cenário se modificou a partir de 2013, quando a vacina passou a ser ofertada gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde)”, pontua a médica.

Rebecca explica que há duas formas de imunizar um indivíduo. “Através da aplicação da vacina tetravalente viral (SCR-V), que age contra catapora, sarampo, caxumba e rubéola, e por meio da vacina varicela, contra a catapora, combinada com a tríplice viral. O tipo de aplicação vai depender da prescrição médica, mas não há qualquer diferença entre um método e outro.”

O imunizante atende aos requisitos da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para a fabricação de substâncias biológicas e é parte do calendário básico de vacinação oferecido pelo SUS por meio do PNI (Programa Nacional de Imunização) do Ministério da Saúde.

De acordo com a Fiocruz, que fornece a vacina ao PNI, o imunizante varicela é produzido a partir do vírus varicela-zoster vivo atenuado, ou seja, é enfraquecido por processos químicos ou altas temperaturas e é extremamente eficaz. Além de apresentar um bom perfil de tolerância, raramente produz eventos adversos ou reações alérgicas.

Desde 2018, a vacina vem sendo aplicada em duas doses, sendo uma aos 15 meses e outra aos 4 anos. No entanto, adultos e adolescentes não vacinados também devem se imunizar para evitar a doença. Ela é contraindicada para grávidas, recém-nascidos e pessoas com problemas na imunidade.

Todas as UBSs e Assistências Médicas Ambulatoriais (AMAs) oferecem gratuitamente o imunizante, durante o ano todo.

Contágio e sintomas

Conforme a infectologista do CEJAM, a catapora é altamente contagiosa e transmitida por aerossol e contato. “As partículas, que são finíssimas (menos de 5 micra), ficam plainando no ar e demoram a cair no solo, atingindo, assim, distâncias maiores, tornando a catapora mais transmissível do que outras por gotículas (tosse, espirro e saliva), como acCovid-19″, explica. Para evitar o contágio, é necessário manter o indivíduo com catapora em isolamento no domicílio até as lesões se tornarem crostas, quando já não transmite mais a doença, além de higienizar rigorosamente as mãos, vestimentas, roupas de cama e outros objetos que possam estar contaminados.

“O período de incubação do vírus é de 4 a 16 dias. A transmissão se dá entre 1 e 2 dias antes do aparecimento das lesões de pele e até 6 dias depois, quando todas as lesões viram crostas”, afirma Dra. Rebecca. Segundo ela, os sintomas costumam aparecer de 10 a 21 dias após o contágio e incluem dor de cabeça, febre baixa, perda de apetite, mal-estar, cansaço e manchas vermelhas e bolhas no corpo.

De acordo com o Ministério da Saúde, as bolhas surgem inicialmente na face, no tronco ou no couro cabeludo, podendo se espalhar e se transformar em pequenas vesículas cheias de um líquido claro. Em poucos dias, o líquido escurece e as bolhas começam a secar e cicatrizar. Esse processo causa muita coceira, podendo infeccionar as lesões devido a bactérias das unhas ou de objetos utilizados para coçar.

“Aos primeiros sintomas, é necessário procurar um serviço de saúde para que um profissional possa orientar o tratamento e avaliar a gravidade da doença. Antigamente, o diagnóstico de catapora era feito a partir de um exame clínico, mas, com a epidemia do mpox (varíola dos macacos), que tem manifestações similares, muitas vezes, se faz necessário realizar a sorologia e coleta de material da lesão para investigação do vírus”, finaliza a especialista.

Não há tratamento específico para a catapora, mas, diante de avaliação médica, pode ser prescrito um antiviral.

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