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Incor usa jogo para tratar sequelas cognitivas da covid-19

Muito mais do que um simples ‘game’ Luccas Balacci/Metro

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Perda de memória, falta de atenção. O que parece normal na vida em quarentena pode ser consequência para aqueles que tiveram covid-19. Na capital paulista, o Incor (Instituto do Coração) usa um jogo digital para identificar e tratar sequelas no sistema cognitivo de recuperados da doença. O paciente passa por testes rápidos, com ilustrações que devem ser memorizadas e encontradas em diferentes atividades.

O aplicativo, chamado MentalPlus, foi desenvolvido pela neuropsicóloga Lívia Stocco Valentin em 2010, inicialmente para avaliar idosos. “Até que chegou a pandemia”, conta. “A covid-19 causa dessaturação, que fatalmente resulta em alguma disfunção cognitiva, porque quando o cérebro não recebe oxigênio, acontecem diversas patologias.”

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Com o Incor, ela iniciou um estudo que recebe pessoas que já tiveram a doença para checar, a partir do desempenho no jogo, se desenvolveram sequelas. Entre elas estão problemas de percepção, atenção, memória, linguagem e funções executivas.

“De 185 pacientes preliminares, 80% deles apresentaram dois ou mais sintomas dessa disfunção”, alerta a neuropsicóloga.

Com a divulgação dos primeiros dados sobre o diagnóstico, em janeiro, o interesse pela pesquisa cresceu. Tanto que foi preciso parar de aceitar novos participantes. Até o fim de março, quando os resultados serão divulgados, mais de 850 pessoas terão realizado o teste.

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Rotina ou sequelas?

Um deles é o administrador de redes Fernando Alves da Cunha, de 35 anos. Ele teve covid-19 em outubro do ano passado, e procurou o instituto após sentir dificuldades de concentração. “Eu percebi que preciso me esforçar mais para fazer as coisas.”

Após a primeira consulta, os pacientes devem baixar o jogo em um celular ou tablet para iniciar o tratamento em casa – apenas participantes do estudo podem acessá-lo. “Parece simples, mas o ‘joguinho’ instiga você a prestar mais atenção e tentar executar a tarefa”, diz Cunha.

Já a advogada Andrea Zamur, de 33 anos, notou uma inesperada defasagem em sua comunicação. “Talvez eu tenha começado a esquecer um pouco mais, principalmente as palavras”, afirma. “Que o processo também me ajude a melhorar um pouco e a recuperar essas capacidades.”

A boa reabilitação dos pacientes também é bastante aguardada pela OMS (Organização Mundial da Saúde), parceira do projeto. “Saindo daqui, outras 23 universidades pelo mundo seguirão o nosso protocolo para usar o MentalPlus e ajudar pessoas a se restabelecerem cognitivamente”, explica Lívia.

Pacientes devem seguir atividades em casa

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