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Sindicatos pedem investigação de denúncias de racismo no McDonald’s

Sindicatos enviaram um ofício nesta segunda-feira (20) ao Ministério Público do Trabalho pedindo a criação de uma força tarefa de procuradores para investigação, em âmbito nacional, de denúncias de racismo institucional nas lojas McDonald’s.

O documento contém os relatos de 16 ex-funcionários do McDonald’s que alegam ter sido sistematicamente humilhados e assediados por seus supervisores em casos de discriminação e preconceito racial.
 De acordo com a legislação brasileira, uma empresa que se envolve em racismo estrutural sistêmico comete um crime.

Segundo o ofício, os fatos descritos na denúncia ocorreram em quatro estados nos últimos três anos. A maioria dos trabalhadores era menor de 18 anos na época. Os crimes incluem expressões pejorativas em relação à cor das vítimas e ofensas sobre seus cabelos. Funcionários relataram ter sido chamados de “negrinha do cabelo ruim”, “cabelo duro”, “macaca” e “pretinha suja” por seus superiores.

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Uma das profissionais diz que foi impedida de trabalhar durante um evento internacional da rede de fast food por causa da cor da sua pele. Em seu relato ao MPT no Paraná, ela contou que também foram excluídas pessoas gordas e homossexuais do evento. As entidades pedem também a ampliação das investigações já conduzidas pela Procuradoria Regional do Trabalho da 9ª Região, em Curitiba.

De acordo com o documento, há “fortes indícios da prática de racismo institucional” e os 16 casos apurados até o momento indicam condições indignas de trabalho e negligência na empresa. “Tais práticas podem estar acontecendo em um universo considerável de lojas McDonald´s no Brasil, sem que a empresa adote medidas concretas e efetivas para evitá-las, explicitando-se o descaso e negligência com a situação, para se dizer o mínimo, o que evidencia possível racismo na corporação de ordem organizacional”, relatam as entidades no ofício.

Além de exigir que a empresa assuma o problema e tome iniciativas para coibir os casos de racismo, os sindicatos solicitam a realização de um censo na empresa para aferir a quantidade de funcionários negros que hoje trabalham na rede, assim como os cargos que ocupam, a renda média, idade e gênero.

De acordo com os sindicatos, somente no Brasil, a empresa McDonald’s emprega cerca de 40 mil pessoas. O ofício foi assinado pela CUT (Central Única dos Trabalhadores), UGT (União Geral dos Trabalhadores) e Contracs (Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço e Comércio) e enviado à presidente da Coordenadoria Nacional de Promoção de Igualdade de Oportunidades do MPT de São Paulo.

Posicionamento

A Arcos Dorados, que opera as franquias de lojas de McDonald’s no país, disse, em nota, que não teve acesso ao documento e, portanto, não pode se posicionar sobre a questão. “A Arcos Dorados reitera o seu total compromisso com a promoção de um ambiente de trabalho inclusivo e de respeito. Além disso, a companhia informa que não tolera nenhuma prática de assédio ou discriminação”, diz a nota.

A empresa informou que promove treinamentos baseados em seu Código de Conduta, para comunicar e conscientizar funcionários sobre seus valores corporativos em relação à diversidade e forma de ser e que mantém um canal de ouvidoria para denúncias, aberto a todos os empregados, além de realizar campanhas de comunicação sobre o tema de diversidade e inclusão.

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