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Queiroz também ficou escondido em apartamento de Wassef em Guarujá

O ex-assessor de Flávio Bolsonaro esteve no imóvel no final de 2018 e primeiros meses de 2019, quando o MP tentava ouvi-lo no inquérito das rachadinhas

Além da casa em que foi preso há uma semana na cidade de Atibaia, no interior de São Paulo, que pertence a Frederick Wassef, Fabrício Queiroz esteve escondido em outro imóvel do advogado que representou a família Bolsonaro em diversos processos na Justiça. Antes de ir para lá, o ex-assessor parlamentar de Flávio Bolsonaro passou uma temporada em um apartamento da família de Wassef no Guarujá, no litoral.

Um apartamento de 200m², na Praia de Pitangueiras, que pertence à família do advogado Frederick Wassef, que até domingo era responsável pela defesa do senador Flávio Bolsonaro, era o local em que Queiroz ficou hospedado entre 2018 e 2019, quando o esquema das rachadinhas veio à tona. Moradores do condomínio, que preferiram não se identificar, afirmam que a época da chegada de Queiroz dificultou sua identificação.

«No começo, ninguém sabia que era o Queiroz. Porque o prédio tem muito poucos moradores. A maioria de pessoal que frequenta o prédio é turista. E ele chegou no final do ano. Normalmente, no final do ano tem muito, muito turista aqui dentro do prédio. O pessoal do prédio foi perceber que era o Queiroz depois do carnaval, mais ou menos», disse uma das fontes ouvidas pelo Jornal da Band.

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Segundo vizinhos, Fabrício Queiroz pouco saía do apartamento e, quando isso ocorria, se mantinha discreto, procurando não conversar com ninguém. Na maioria das vezes, descia para buscar comida que pedia por aplicativo: «Ele só ficava trancado, aí, descia, pedia refeição. Ele andava de boné, de óculos escuro. Saía poucas vezes do apartamento.»

Os moradores confirmaram também que Frederick Wassef aparecia sempre no condomínio: «Quando o Queiroz tava lá, o ‘Frederico’ [Wassef] apareceu algumas vezes lá. Todo mundo viu o «Frederico», conhecido como «Fred», no prédio, frequentando o edifício», disse a fonte.

O zelador, que costumava comentar com moradores sobre a rotina discreta de Queiroz, confirmou à reportagem da Band a propriedade do apartamento e a presença do advogado, mas desconversou ao falar do ex-assessor.

No período em que Queiroz esteve hospedado no imóvel, o ex-assessor não era foragido, mas era procurado pelo Ministério Público, para ser notificado a prestar depoimento no inquérito que apura um esquema de rachadinhas no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro no Rio de Janeiro.

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Para juristas, Frederick Wassef pode não ter cometido crime, mas cometeu violação ética ao ajudar Queiroz a se esconder da Justiça e dizer que não conhecia seu paradeiro.

O juiz federal Ricardo de Castro Nascimento afirmou que Wassef tem o ‘dever ético’ de colaborar com a Justiça: «O advogado não cometeu nenhum crime, porque não deu abrigo para alguém foragido da Justiça. A falta da verdade é uma questão ética para todas as profissões, para todo o ser humano. É uma das primeiras coisas que a gente ensina para nossos filhos. É não mentir», pontuou.

O documento da fundação do edifício no Guarujá, da década de 60, mostra a assinatura do proprietário de um dos apartamentos: Abraão Beyrutti, avô materno do advogado. A reportagem tentou contato algumas vezes com Wassef, mas não teve resposta.

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