Questionado sobre a alta do dólar, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta quinta-feira, 5, que «isso era perfeitamente previsível». Em seguida, ensaiou uma lista de explicações: «Tem o coronavírus, a desaceleração global, incertezas…O que vocês (imprensa) estavam dizendo há um ou dois dias? Que está um caos, que o presidente não se entende com o Congresso, que não está havendo coordenação política, toda hora tem uma bomba… Se está havendo todo esse frisson, o dólar sobe um pouco.»
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Guedes disse também que o câmbio preocupa quando sobe rápido, mas, para isso, o Banco Central (BC) atua. «Está provendo boa liquidez», comentou.
O ministro também afirmou que empresas que remetem recursos para fora do País também influenciam a cotação do câmbio.
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Mídia
Ele sugeriu que a mídia tem relação com o aumento do dólar. «Como estamos confiantes de que a mídia vai entender que o Brasil está mudando para melhor, é uma questão de tempo. Se vocês estiverem menos nervosos daqui a um mês, quem sabe o dólar acalma», disse.
‘Quatro por quatro’
Além disso, Guedes afirmou que o modelo econômico do Brasil é «quatro por quatro», com juros na casa dos 4% e dólar na casa dos R$ 4.
PIB
O ministro da Economia afirmou que a projeção dele para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2020 é de crescimento de 2% e admitiu que trabalha com uma estimativa diferente da calculada pela Secretaria de Política Econômica (SPE), subordinada à pasta que ele comanda. Ele concedeu entrevista a jornalistas depois de ter participado de encontro com empresários promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
A previsão da SPE para 2020 é de expansão de 2,4% e a expectativa é que o número seja revisado na semana que vem.
Guedes disse que «sempre» trabalhou com um cenário em que a economia crescia 1% no primeiro ano do governo Bolsonaro 2% no segundo ano. Guedes ressaltou que a estimativa da SPE é calculada por «economistas sofisticados», que recorrem a modelos econométricos.
Impacto do coronavírus
O ministro da Economia afirmou ainda que, pelas contas dos economistas que trabalham com ele, o impacto negativo do coronavírus na economia brasileira seria de 0,5 ponto porcentual, na pior das hipóteses, em um cenário de crescimento de 2,5%. Na melhor das hipóteses, segundo ele, o impacto seria de apenas 0,1 ponto porcentual.
Para o ministro, o coronavírus vai afetar mais onde está o foco da epidemia, a China, e as economias mais abertas, como é o caso também do país asiático. No caso do Brasil, ele disse, a economia é uma das mais fechadas do mundo. «Quando o vento é a favor, não pega tanto. Então, com o vento contra, também não pega tanto», afirmou.
Guedes disse ainda que o resultado do PIB de 2019 poderá ser revisado pelo IBGE, como aconteceu nos anos anteriores. Pela margem de erro do instituto, disse o ministro, a expansão registrada para o PIB de 2019 poderia subir de 1,1% para 1,4%.
Mansueto
O ministro também comentou as declarações dadas mais cedo pelo secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida. «Se o Mansueto esperava PIB a 3%, ele está frustrado», disse. Mas depois concordou com o secretário: «Sim, 1% de crescimento para um país em desenvolvimento é pouco, pois o Brasil crescia 7,3% há 40 anos.»