Seis em cada 10 veículos roubados ou furtados em São Paulo no ano passado não foram recuperados pela polícia. É o que aponta um levantamento exclusivo da Rádio Bandeirantes feito com base em informações da Secretaria de Segurança Pública e do Departamento Estadual de Investigações Criminais.
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O índice, de 62%, representa mais de 36 mil veículos que não foram entregues aos proprietários de um total de 58.560. Mesmo com o número de furtos e roubos diminuindo gradativamente ano a ano na capital, a eficiência com a recuperação dos automóveis não tem acompanhado essa tendência.
Nos últimos quatro anos, cerca de 175 mil veículos não foram recuperados, o que está dentro da média de 62%. Dentre os crimes, a taxa de furtos sempre é maior que a de roubos. Alberto Pereira, divisionário da Divecar (Divisão de Investigações sobre Furtos, Roubos e Receptações de Veículos e Cargas) do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), explica que essa diferença se da pela agilidade dos bandidos.
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«As quadrilhas vem se especializando, né, e infelizmente realmente isso aí é uma verdade. Elas se especializam e elas acabam burlando todo o sistema de segurança e acabam subtraindo os veículos. Passam a estudar todo o sistema de segurança dos veículos e conseguem brechas aí que acabam favorecendo depois na subtração», afirma.
O divisionário da Divecar entende que o número expressivo de roubos e furtos se deve ao comércio ilegal de peças. Pereira ressalta ainda que essa prática, muitas vezes, acaba sendo alimentada pela própria população.
«O que as pessoas tem que entender que quando você compra uma peça, você também está praticando um crime. Se for detectada que a peça é produto de roubo ou de furto, você vai tá respondendo também pela receptação. E quando você deixa de comprar essa peça, você inibe também a prática de crime. É o que acontece no tráfico de entorpecentes, se você não tem o viciado, o dependente químico pra utilizar a droga, você não tem pra quem vender a droga. Então se você não tem quem compre a peça, você também acaba inibindo que outros crimes mais graves de furtos e de roubos aconteçam. Perde aquela finalidade maior que é a venda da peça.»
Em 2014, o Estado de São Paulo criou a lei dos desmanches com o intuito de combater esse comércio ilegal. Na capital paulista, entre 2016 e 2019, a operação desmonte, realizada pelo Deic, vistoriou quase 2,1 mil locais, fechando 158 em situação irregular.