Foco

Sem regras básicas, compartilhamento de bicicletas, patinetes e outros veículos ainda é desorganizado em SP

Reprodução/Instagram

Patinete deve andar na rua ou na calçada? E bike, pode furar o sinal vermelho e rodar na contramão? Essas são apenas algumas dúvidas que surgiram com aumento da oferta de veículos compartilhados via app na capital.

ANÚNCIO

Além das regras nacionais de trânsito, para as bikes e para os carros, já existem normas mínimas criadas pela Prefeitura de São Paulo, que buscam organizar a distribuição dos veículos e obrigam as empresas a se cadastrarem e recolher impostos, por exemplo. Mas, para patinetes e scooters, nem isso.

A cada dia mais populares, os patinetes já podem ser vistos dividindo espaço com pedestres e ciclistas. Os veículos estão tanto nas largas calçadas da avenida Paulista (centro) como nas estreitas do Itaim (zona oeste) e já provocam pequenos congestionamentos na ciclovia da avenida Brigadeiro Faria Lima (zona oeste).

Recomendados

Autor de projetos de lei para regular os apps de transporte na capital, o vereador Police Neto (PSD) encaminhou em setembro do ano passado para a prefeitura uma primeira proposta de resolução para a chamada micromobilidade, categoria onde estão os patinetes. No último dia 7, ele protocolou na Câmara um novo projeto sobre o tema.

Segundo Neto, “é preciso criar regras de velocidade máxima nas ciclovias e ciclofaixas, controlar a qualidade dos equipamentos, a limitação do uso de calçadas e a relação com os carros nas ruas”.

Quando a prefeitura cria regras, ela modula o serviço para aquilo que é importante para a cidade. Quando não o faz, gera a concentração desordenada, como já acontece na Faria Lima”, afirmou.

Sócio da Scoo, app de patinete, Maurício Duarte defende a regulamentação e discute o assunto com a prefeitura. Entre suas sugestões está a de que os patinetes só sejam retirados e entregues em estações fixas. “Temos de pensar a mobilidade para todos: para quem utiliza nosso modal e para os que não.”  

SP cria grupo de trabalho e procura exemplos

A Secretaria de Mobilidade e Transportes da Prefeitura de São Paulo prevê nos próximos dias lançar um “chamamento público para manifestação de empresas interessadas no processo de regulamentação” dos apps que oferecem patinetes compartilhados. O governo criou um grupo de trabalho para iniciar os estudos e também observar as soluções que foram criadas em outras partes do mundo. A primeira reunião foi realizada no último dia 16. Segundo a pasta, a regulamentação deve garantir “a segurança de todos os usuários do espaço público, especialmente os pedestres”. A secretaria afirmou que “cada modal de transporte deve ser utilizado no trecho adequado do viário, de acordo com suas funções e características”.  

 

Pedestres reclamam de abuso de velocidade

A reportagem do Metro Jornal foi até a avenida Brigadeiro Faria Lima na tarde da última quarta-feira e ouviu dos pedestres elogios ao serviço de compartilhamentos de bikes e patinetes, mas críticas aos “pilotos”. A queixa mais comum é que  eles andam rápido demais e desrespeitam regras de trânsito.

Na ciclofaixa é bom. Mas se vier pela calçada há muito risco de bater em pedestre. Já vi vários tombos de patinete”, disse o auxiliar de taxista Ícaro de Carvalho, 18 anos.

A reportagem não viu nenhum usuário dos patinetes elétricos usando capacete, item obrigatório, e presenciou alguns deles andando muito próximos aos pedestres na calçada.

Os usuários dos veículos compartilhados disseram que os apps informam de forma clara as regras do serviço e que não há rivalidade por espaço entre bikes e patinetes, mas que a aproximação é mesmo perigosa aos pedestres. “Podia aumentar as ciclofaixas, acho que é o que precisamos”, afirmou arquiteto Edilson Fugi Sawa, 44 anos, que já alugou tanto bikes quanto patinetes.  

 

Tags

Últimas Notícias