O instrumentista Hamilton de Holanda é um workaholic da música: não raro, lança um, dois ou até três álbuns por ano. Em 2018, foram quatro, todos em homenagem ao centenário de Jacob do Bandolim (1918-1969), empacotados agora em um luxuoso box.
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Jacob é referência absoluta para Hamilton por ter sido responsável por delinear uma identidade brasileira ao bandolim. Nada mais justo, portanto, que o principal expoente da versão em dez cordas desse instrumento celebre agora a obra do mestre.
O interessante do projeto é que ele passa longe de ser uma mera coletânea de faixas. Cada disco tem uma identidade própria, dando ênfase a aspectos distintos das 40 composições escolhidas e se distanciando do choro tradicional do homenageado.
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“Eu não queria simplesmente regravar. Queria colocar as músicas dele dentro de uma realidade contemporânea, com uma estética diferente, mas ainda muito próxima do Jacob”, diz Hamilton.
Em “Jacob 10zz” – indicado ao Grammy Latino 2018 de melhor álbum instrumental – ele se vale da formação de trio para fazer leituras jazzísticas. Em “Jacob Black”, a percussão ganha força para ressaltar aspectos afrobrasileiros. “Jacob Bossa” evidencia o balanço das melodias, aproximando-as ao universo de Tom Jobim. E “Jacob Baby” dá ares de caixinha de música às faixas com foco no público infantil.
A distribuição das composições partiu da intuição de Hamilton. “Fui pescando cada uma, mas deixando a essência delas me conduzir.”
Apenas uma – “Assanhado” – está presente em todos os álbuns, proporcionando um exercício curioso ao ouvinte. “Talvez essa seja uma das músicas dele com as quais mais dá para brincar de improvisar”, explica o artista.
Os discos incluem ainda duas faixas nunca gravadas por Jacob, bem como outras duas dentro do universo dele e “Jacob Black” e “Serenata Jacarepaguá”, criadas por Hamilton. “Essa fiz em um momento de inspiração. Foi quase ‘psicotocada’”, brinca ele, que usou o bandolim do próprio Jacob nas gravações.