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Processo tentar tirar Lula da vida pública, diz defesa do ex-presidente

Reuters

O julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na próxima quarta-feira, não impede o registro da sua candidatura à Presidência este ano, mas os processos contra Lula têm o objetivo de tirá-lo da vida pública, afirmou nesta segunda-feira Cristiano Zanin, um dos advogados do ex-presidente no recurso que será julgado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região.

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“Seja qual for o resultado do dia 24 não há possibilidade de impedir que o presidente, se for essa sua decisão, registre sua candidatura para concorrer em 2018. O TRF vai decidir se ele é culpado ou inocente da acusação, mas não pode impedir o registro da candidatura”, disse Zanin em uma conversa com representantes da imprensa internacional.

O advogado esclareceu que a impugnação da candidatura só pode ser feito pelo Tribunal Superior Eleitoral, depois da candidatura registrada, por uma ação específica, depois de serem julgados todos os recursos.

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Zanin, no entanto, afirma que os processos contra o ex-presidente –não apenas no caso do apartamento tríplex no Guarujá, que será analisado pelo TRF-4, mas os demais em que Lula é investigado– são uma forma de tentar tirá-lo da vida pública.

“Não só em relação a esses prazos, a propositura da ação e de outros processos que foram apresentados têm em comum a falta de qualquer materialidade. A meu ver, foram com clara motivação política, objetivando atrapalhar a vida política do ex-presidente e tentar tirá-lo da atuação política”, disse Zanin. “A questão dos prazos é um componente disso. A existência dessas ações têm motivação política clara.”

A defesa de Lula acusa a Justiça –especialmente o juiz da primeira instância Sérgio Moro– de “lawfare”, uma tática em que se abusa das leis para perseguição política.

“O que o presidente está sofrendo é uma ‘lawfare’. Pela falta de comprovação das acusações, pela atuação de parte da mídia, pela tentativa de demonização do ex-presidente”, disse Valeska Teixeira Zanin Martins, outra das advogadas de Lula.

Zanin criticou, por exemplo, o fato de o presidente do TRF-4, Carlos Eduardo Thompson Flores, ter dito, por exemplo, que o resultado do julgamento e dos recursos sairia “dentro do calendário eleitoral”.

“É mais uma demonstração de um elemento de fora do processo que foi levado em consideração na análise do resultado o julgamento. Não sabemos qual o efeito dessas declarações em reação à turma, mas resultará em desafio adicional para a turma”, disse o advogado.

Os registros das candidaturas serão feitos no dia 15 de agosto. De acordo com juristas ouvidos pela Reuters, Lula conseguiria fazê-lo se o TRF-4 não terminar o julgamento de possíveis embargos de declaração ou infringentes –dois tipos de recursos que devem ser analisados no próprio Tribunal– até esta data, ou se a defesa conseguir uma liminar com efeito suspensivo nos tribunais superiores.

Em média, o TRF-4 tem levado 7 meses para julgar embargos infringentes. Logo após o julgamento, dois dos três desembargadores da 8ª turma, que julga Lula, sairão de férias e a turma só voltará a contar com todos os seus membros originais no final de março.

O julgamento começará às 8h30, na quarta-feira, com a leitura de um resumo do processo pelo relator. Depois disso, o Ministério Público fala por meia hora, seguido dos advogados de todos os sete acusados no caso –Lula é apenas um dos julgados no caso. Depois ainda, o relator lê o seu voto, assim como os outros dois desembargadores. A previsão do TRF-4 é de que o julgamento termine até às 16h.

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