Um dos políticos brasileiros mais polêmicos da atualidade, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) está no centro de um conflito em Santo André. Tudo começou no dia 5 do mês passado, quando o vereador andreense Sargento Lobo (SD) encaminhou à Câmara Municipal um pedido para que Bolsonaro receba o título de “Cidadão Honorário” de Santo André, dedicado às pessoas que contribuíram com a cidade mesmo sem ter nascido em solo andreense. O deputado já declarou publicamente que é pré-candidato à Presidência da República em 2018.
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Diante disso, moradores se organizaram para barrar a homenagem por meio de um abaixo-assinado online que será entregue aos vereadores. Até sexta-feira passada havia 6.670 assinaturas. As manifestações contra o requerimento não pararam por aí: a escritora nascida em Portugal Dalila Teles Veras, 71 anos, dona da tradicional livraria Alpharrabio, no Jardim Bela Vista, ameaçou devolver simbolicamente o título de cidadã andreense, que possui desde 2004, caso o pedido seja aceito pela Câmara.
Em entrevista ao Metro Jornal, Dalila explica que os argumentos do vereador para a honraria são “vagos” e que o deputado federal não tem nenhum vínculo com a cidade. “As características dessa pessoa (Bolsonaro) só o desabonam. É declaradamente homofóbico e fascista, além de homenagear torturador em plenário”, afirmou, citando a fala do parlamentar durante a votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), quando Bolsonaro dedicou seu voto ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, acusado por Dilma de torturá-la durante a ditadura militar.
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No requerimento, o vereador Sargento Lobo aponta que o deputado federal é conhecido por suas posições em defesa da família, da livre iniciativa, entre outros fatores. No entanto, não esclareceu no documento a relação entre Bolsonaro e Santo André.
Em sua defesa, Lobo disse à reportagem que “o ato de dar um título de cidadão é de prerrogativa do vereador”. “Vejo de forma muito positiva. Ele é pai de família e está conseguindo mostrar que é possível fazer política com honestidade”, disse.
Atualmente, o pedido está em posse da comissão de Justiça e Educação. Em nota, a Câmara informou que “há um prazo de até 60 dias (que termina 5 de dezembro) para a manifestação das comissões sobre a inconstitucionalidade ou não do projeto. Caso seja considerado inconstitucional, ele é arquivado. Se não for considerado inconstitucional, o projeto entra na ordem do dia para votação”.
Procurada pela reportagem, a assessoria de Bolsonaro não se manifestou até a conclusão desta edição.
‘Vamos fazer barulho’
O jornalista Valter Bittencourt, 36, é o criador do abaixo-assinado. “É óbvio que tem fins eleitorais. Tecnicamente não se justifica. Ele não tem nenhuma relação com Santo André”, analisou.
Um ato na Câmara foi marcado para o dia 23 de novembro, às 15h. “Vamos fazer um barulho grande. Pretendemos usar a tribuna livre para dizer que os vereadores não podem ser coniventes com isso”, disse Bittencourt.
O vereador Sargento Lobo negou a acusação de que o pedido tenha relação com as eleições de 2018.