Um prédio de arquitetura moderna, mas sem acabamento, material de construção abandonado em vários pontos e um incômodo vazio localizado no coração de São Bernardo, na Grande São Paulo.
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O cenário faz parte do audacioso projeto para criação do Museu do Trabalho e do Trabalhador, em parceria entre prefeitura e Ministério da Cultura. O investimento de R$ 21 milhões que deveria estar concluído desde 2013 se tornou em dezembro passado caso de polícia.
As obras estão paralisadas desde então pela Justiça a pedido do MPF (Ministério Público Federal), que aponta sinais de fraudes nas licitações e nas obras para vantagens financeiras de membros do governo Luiz Marinho (PT) e empresários. Os acusados negam irregularidades.
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Depois de interditado pela polícia, o museu foi aberto ontem pela primeira vez para vistoria da equipe do prefeito Orlando Morando (PSDB), que assumiu em janeiro com a promessa de transformar a estrutura em Fábrica de Cultura, projeto do governo do Estado.
Mas sem a liberação judicial do espaço, o museu não tem perspectivas de deixar de ser um galpão vazio e mal acabado. De acordo com Morando, não há como fazer planos sem saber qual será a instrução da Justiça.
“Vamos manter contato com a procuradoria e os juízes a fim de ter encaminhamento. Mas não é uma decisão que é minha. Temos que respeitar que aqui foi fruto de uma operação conjunta do MPF e da Polícia Federal, e tem claramente apontamento de desvio de dinheiro público. Tão importante quanto terminar (a obra), é punir aqueles que roubaram dinheiro dessa obra”, afirmou.
O prefeito disse que há R$ 4 milhões em recursos federais para finalizar o museu, mas que o dinheiro também está bloqueado.
Por conta dos impasses frutos das investigações, ele disse ontem que não tem articulado a instalação da Fábrica de Cultura. “Esse é meu desejo, faz parte do meu plano de governo, vou insistir incansavelmente para isso. Agora só posso projetar e garantir o que vai ser aqui quando a Justiça me autorizar.” O prefeito adiantou, porém, que o prédio vai precisar de mudanças para abrigar a Fábrica de Cultura.
Procurado pela reportagem, o MPF disse que não há prazo para liberação das obras e novos encaminhamentos.