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Pesquisadora Kelian faz análise sobre proposta de reforma na educação

Há cerca de 10 anos a pesquisadora do Cenpec (Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária), Lilian Kelian, acompanha políticas que afetam a juventude; para ela a reforma proposta pelo governo federal não se ocupa de problemas mais urgentes e vale apenas para uma parcela ínfima da rede pública.

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Por que a proposta de reforma do ensino médio está causando tanta polêmica?

Desde que foi lançada iniciou-se uma grande discussão. A reclamação é justamente com a falta de debate e também da pressa em aprovar uma proposta, que é até difícil defender que seja, de fato, uma reforma do ensino médio, porque deve atingir um número pequeno de escolas.

Como assim?

A Medida Provisória 746 estabelece mudanças em uma parte das escolas públicas, que serão de tempo integral, mas por ora isso atinge um grupo reduzido delas, em torno de 5%. Falta detalhar quando as outras 95% serão inseridas na proposta de reforma.

E como está essa discussão? 

Nesse momento, a MP teve sua validade prorrogada para março de 2017, acho que o governo percebeu que não será tão fácil avançar com essa mudança.

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Faz sentido a crítica em relação a PEC 241?

Sim, a força dessas mudanças também está comprometida pela redução orçamentária, caso seja aprovada a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) do teto de gastos. Afinal, a MP define um repasse às escolas para a expansão do ensino em tempo integral por quatro anos.

E tem também a questão das disciplinas que deixam de ser obrigatórias, não?

Há uma indefinição em muitos pontos, incluindo esse. Acredito que nem a equipe do governo tenha clareza sobre como será implementada essa MP.

Qual a sua análise sobre a reforma? 

A minha opinião é a mesma do Cenpec, creio que a forma escolhida para fazer a reforma está equivocada, porque é uma mudança importante, que deve ser feita por várias entidades da sociedade civil organizada e, claro, também com técnicos do ministério. Mas com muita calma. Não entendo essa pressa. Claro que o ensino médio tem muitos problemas, e precisa de mudanças, mas não acredito nessa forma de construir uma inovação pedagógica. E me preocupa também ampliar o tempo de aula para 5% de escolas, enquanto o país tem 1, 5 milhão de jovens fora delas.

Pode atrapalhar mais do que ajudar? 

É preciso cuidado para não retirar recursos de outras áreas bem mais carentes de investimentos. 

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