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Tamiflu desaparece das prateleiras das farmácias no ABC e interior

O Tamiflu, remédio utilizado para tratar o vírus H1N1,  não é encontrado nas farmácias de cidades da região do ABC. A gripe foi responsável por quatro mortes neste ano na região (duas em Santo André, uma em São Bernardo e outra em Mauá).

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A reportagem ligou em  20 drogarias nesta semana e não encontrou o medicamento disponível em nenhuma delas.

A Roche, fabricante do remédio, esclareceu que “desde a segunda quinzena de março, observa um aumento excepcional no mercado privado, e não previsto para esta época do ano, na demanda por Tamiflu.”

De acordo com a empresa, os estoques relativos especificamente à apresentação de 75 mg esgotaram-se rapidamente e  novos lotes devem chegar em abril.

As informações dadas aos pacientes nas farmácias da região são confusas. De acordo com um farmacêutico contatado pelo Metro Jornal, o remédio não está sendo mais distribuído  para comercialização. “Na última vez que teve o surto, muita gente comprava o remédio e tomava de forma desmedida. Agora, estão barrando a venda”, disse. O Tamiflu só pode ser vendido com prescrição médica.

Os estabelecimentos informaram que, quando há estoque, o remédio é comercializado por aproximadamente R$ 230 a caixa.

Entrevista: Hélio Vasconcellos Lopes
Infectologista e professor da Faculdade de Medicina do ABC explica ao Metro Jornal um pouco mais sobre o H1N1 e Tamiflu. 

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Quais são os principais sintomas do H1N1?
Febre, congestão e corrimento nasal. Por conta da febre, as pessoas ficam com moleza e dor no corpo.

Como é o tratamento para curar o H1N1?
Ele é um dos vírus da gripe, então existem várias mutações. Dificilmente é tratada com eficiência por remédio. O Tamiflu tem um efeito relativo ao H1N1. Não é que você tomando vai curar o vírus, mas ele vai diminuir a gravidade.

Só o Tamiflu é opção de medicamento?
Sim. Mas o que acontece é que hoje qualquer manifestação que seja semelhante aos sintomas do H1N1, os médicos já passam esse medicamento, por isso está em falta. O que também indicamos para prevenção é a vacina, pois é eficiente e depois de 14 dias você está imune.

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que regulamenta o comércio de medicamentos no país, informou que não há qualquer impedimento para a venda do remédio em farmácias particulares.

Morador de São Bernardo, João Batista conta que estava há três dias com falta de ar e foi diagnosticado com o vírus H1N1. Ele afirma ter percorrido 17 drogarias da cidade e postos de saúde, mas só encontrou o remédio em Ribeirão Pires.

“Foi uma correria para conseguir o Tamiflu. Eu deveria ter começado a tomar na sexta-feira, mas não encontrei em nenhuma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e também em nenhuma farmácia da cidade”, disse Batista, em entrevista à Rádio Bandeirantes.

Diferentemente da realidade encontrada na rede privada, a reportagem localizou o medicamento nos postos públicos de saúde.

O Metro Jornal ligou para 10 unidades de pronto atendimento –   sete de São Bernardo e  três de Santo André. Em todas elas o medicamento estava disponível, mas com restrições.

Na UPA Baeta Neves, em São Bernardo, por exemplo, o Tamiflu só era encontrado com as dosagens de 30 e 45 mg. O de 75 mg já tinha esgotado. Na UPA Silvina/Ferrazópolis e Paulicéia/Taboão não estavam disponíveis as dosagens de 30 mg, sendo que a segunda  unidade de saúde não contava com a dosagem de 45 mg.

Rede pública
Sto. André distribuiu 3.560 pílulas 

O aumento de casos da gripe causada pelo vírus H1N1 fez com que a distribuição do medicamento Tamiflu crescesse neste ano na rede pública.

A Prefeitura de Santo André disse que entre setembro do ano passado e fevereiro deste ano, 440 cápsulas do remédio haviam sido distribuídas para a  rede de urgência e emergência. Apenas neste mês, já foram 3.560 cápsulas.

Apesar do aumento da demanda, a Secretaria de Saúde da cidade disse que não há problemas de abastecimento do remédio nos postos públicos.

São Bernardo e São Caetano também informaram que houve crescimento nos pedidos, mas o medicamento não está em falta.

O governo do Estado resolveu antecipar a campanha de vacinação contra a gripe por conta do aumento de casos. Parte do público alvo poderá receber as doses a partir da próxima semana.

Campinas também sofre sem o remédio

A circulação antecipada da gripe A (H1N1) em Campinas fez com o que o Tamiflu – medicamento utilizado no tratamento contra a doença – sumisse das prateleiras das farmácias particulares. Segundo seis estabelecimentos consultados pelo Metro Jornal, o desabastecimento ocorre desde o início deste mês.

Mariana Matias trabalha na farmácia Drogal da avenida Francisco Glicério, no Centro, e todos os dias está acostumada a receber pacientes que precisam do remédio. “Ligamos no laboratório fabricante para saber se há previsão de entrega, mas ainda não sabemos quando vai chegar”, relata a representante da farmácia.

Os sintomas do H1N1 são similares aos da gripe comum: febre, tosse, garganta inflamada, dores no corpo, dor de cabeça, calafrios e fadiga. Algumas pessoas relatam diarreia e vômitos associados à enfermidade.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, historicamente o vírus H1N1 começa a circular em Campinas entre o final de abril e início de maio, mas neste ano a transmissão da doença se antecipou. Até o momento, Campinas tem cinco casos de moradores infectados pelo vírus. A prefeitura disse ainda que não há falta de Tamiflu nas farmácias dos 64 CSs (Centros de Saúde) da rede pública.

Na RMC (Região Metropolitana de Campinas) já foram registrados dois óbitos suspeitos por H1N1: um em Americana e outro em Holambra. O Estado de São Paulo tem 260 casos da doença e 38 mortes em decorrência da gripe A.

A fabricante Roche disse que observou um aumento excepcional na demanda do mercado privado que não era previsto para esta época do ano. Novos lotes do remédio chegarão em abril para enfrentar os casos da doença no inverno.

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