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Infectologista esclarece principais dúvidas sobre a varíola dos macacos

Como ocorre a transmissão? Quando buscar atendimento médico? Qual o tratamento? Confira essas e outras respostas

A varíola dos macacos acendeu um sinal de alerta tanto na comunidade médica como na população brasileira em geral. No Estado de São Paulo, inclusive, já há casos autóctones, ou seja, de transmissão local, o que evidencia a necessidade de prevenção.

Sabe-se que a transmissão da doença pode acontecer de formas distintas - através do contato com sangue, fluidos corporais, lesões de pele ou membranas mucosas de animais infectados; contato pessoal com secreções respiratórias, lesões de pele de pessoas infectadas ou no contato com objetos recentemente contaminados; por meio de relação sexual; via placentária e por gotículas respiratórias.

Nesse contexto, as máscaras faciais podem, segundo Ingvar Ludwig, infectologista do Hcor, em São Paulo, ser aliadas na luta contra a disseminação da doença. “Apesar do principal mecanismo de transmissão da varíola dos macacos entre humanos ocorrer através do contato direto com lesões de pele ou mucosas infectadas, a transmissão também pode ocorrer a partir de gotículas respiratórias de um indivíduo com infecção ativa. Este tipo de transmissão geralmente requer um contato mais próximo e prolongado”, explica.

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O período médio de incubação do vírus é de 6 a 13 dias, podendo variar de 5 a 21. A transmissão a partir de um indivíduos infectado pode ser longa: entre 2 e 4 semanas, sobretudo na presença de lesões ativas.

Quando procurar atendimento médico em caso de suspeita?

Ludwig afirma que pessoas que apresentem lesões compatíveis com a doença ou que tiveram contato próximo com um caso confirmado da doença devem procurar atendimento médico para avaliação adequada.

“Habitualmente as lesões seguem um padrão típico: iniciam-se como manchas bem delimitadas que progridem para vesículas (bolhas), que se rompem e posteriormente se transforam em crostas. A partir da lesão inicial, novas lesões progridem rapidamente para outras pares do corpo. Além do acometimento da pele, pacientes também podem manifestar sintomas sistêmicos, como febre, mal estar, prostração e adenomegalia (presença de gânglios ou ínguas)”, elenca o médico do Hcor.

Quem tomou a vacina contra a varíola está protegido?

O médico do Hcor afirma que a vacina para a varíola (Smallpox) também pode proporcionar proteção cruzada contra a varíola dos macacos (Monkeypox), uma vez que ambos os vírus pertencem a mesma família e gênero.

A imunização, porém, não acontece no País há muitos anos e, por isso, a geração mais nova não conta com esse amparo. “O Brasil recebeu o certificado de erradicação da varíola em 1973, sendo a vacinação estendida até 1975. Pessoas que nasceram antes deste período foram vacinadas para a varíola devido à campanha de erradicação da doença, iniciada em 1966, que atingiu toda a população brasileira”, explica.

Qual o tratamento para a varíola dos macacos?

Não existe um tratamento específico para a infecção pelo chamado Monkeypox, sendo apenas sintomático. Alguns antivirais, atualmente não disponíveis no Brasil, podem ser utilizados em casos muito específicos, aponta Ludwig.

“Os pacientes devem ser instruídos a manter as lesões de pele limpas e secas para prevenir infecção bacteriana secundária. Recomenda-se lavar as mãos com água e sabão ou usar desinfetante para as mãos à base de álcool antes e depois de manipular as lesões, que devem ser limpas suavemente com água. A erupção não deve ser coberta, mas deixada ao ar livre para a cicatrização.”

O infectologista diz ainda que, após a queda das crostas, é possível observar a presença de cicatrizes planas ou alteração da tonalidade da pele regiões acometidas, mas que tendem à resolução espontânea. “No entanto, a presença de infecções bacterianas secundárias também pode agravar o quadro clínico e há possibilidade de cicatrizes mais graves. Neste sentido, a avaliação médica é fundamental para a escolha do tratamento mais adequado”, finaliza.

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