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Pandemia de covid-19 pode induzir ao estresse pós-traumático

A pandemia de coronavírus tem afetado não apenas a saúde mental daqueles na linha de frente, como enfermeiros, motoristas de ambulância ou funcionários de hospital: também os nossos sentimentos e pensamentos se abalam em meio à tanta notícia ruim e uma mudança tão brusca de rotina.

Para especialistas, estes efeitos podem sobreviver mesmo após chegarmos ao último caso da doença, mesmo naqueles que não foram infectados. O que vivemos em 2020 poderá nos marcar profundamente, e, no pior caso, induzir sintomas de trauma.

O psiquiatra Cyro Masci explica que «a possibilidade de uma pessoa sofrer do estresse pós-traumático começa a partir do momento em que tenha vivenciado, testemunhado ou mesmo tenha sido confrontada com um ou mais acontecimentos que envolveram morte ou grave ferimento, reais ou ameaçados”.

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Estes traumas, segundo ele, incluem situações como desastres naturais ou provocados pelo homem, situações como um assalto ou seqüestro, ou ainda presenciar um crime, especialmente se teve contato inesperadamente com ferimentos graves ou morte.

Masci conta que acontecimentos traumáticos podem simplesmente congelar em áreas específicas de memória do cérebro, e se recusam a “ir embora” somente com o esforço pessoal. “Nesse momento, há necessidade de tratamento adequado”, completa o psiquiatra.

“Como resultado dessa situação, essa pessoa passa a reviver, de modo persistente, o acontecimento”, diz Cyro Masci. Em outras palavras, a pessoa é impedida de esquecer o que se passou já que é literalmente invadida por recordações aflitivas, pensamentos ou imagens, ou ainda sonhos bastante desagradáveis, tendo sempre como tema momentos da situação traumática.

O TEPT é de curso crônico, com apenas 50% dos pacientes tendo remissão espontânea nos primeiros dois anos após o incidente, e a maioria dos que não se recuperam permanecem com sintomas por 15 ou mais anos.

Em geral, as pessoas que estão desenvolvendo o quadro passam a evitar de qualquer maneira toda e qualquer situação que possa lembrar do fato traumático. “O paciente passa a evitar de toda forma pensamentos, sentimentos ou conversas associadas ao trauma, realizando grandes esforços para evitar atividades, lugares ou pessoas que lembrem a situação. Como consequência, pode desenvolver grande incapacidade de recordar algum aspecto importante do trauma”, acrescenta Cyro Masci.

Também podem ocorrer sintomas de excitação, como dificuldade em adormecer ou manter o sono, irritabilidade ou crises de raiva, dificuldade de concentração, ou resposta de sobressalto exagerada.

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