Não é raro ouvir de mulheres histórias sobre como mecânicos já tentaram cobrar mais caro por uma revisão ou sobre frentistas de postos de gasolina que disseram que o carro tem um problema que não tem, só para vender algum produto, Infelizmente, muitos ainda acreditam que mecânica não é assunto de mulher e se aproveitam daquelas que não entendem o tema. É por isso que foi criada a Oficina Amiga da Mulher, uma certificação para centros automotivos. Desenvolvida por Bárbara Brier, consultora automotiva, a iniciativa tem como objetivo garantir a transparência nos serviços e o atendimento de qualidade para o público feminino. O projeto é ligado ao movimento HeForShe (Eles por Elas), da ONU Mulheres, e tem como missão sensibilizar um mercado majoritariamente masculino.
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Além de emitir os selos, a Oficina Amiga das Mulher capacita o público feminino por meio da produção e do compartilhamento de conteúdo.
Brier, que também é técnica em mecânica e motorista, percebeu uma demanda importante trabalhando no meio automobilístico: a transmissão de conhecimento técnico para o público feminino. Depois de ministrar cursos com esse propósito, foi apresentada a uma nova questão: as alunas e seguidoras precisavam de indicações de oficinas confiáveis em todo o Brasil. Foi aí que nasceu a ideia de criar a certificação Oficina Amiga da Mulher.
Segundo ela, o essencial é que as mulheres se sintam seguras. “Elas precisam de estabelecimentos que passem tranquilidade. Ter garantia de que o serviço entregue tem valor”, diz.
Leila Vasconcelos, gestora de projetos do programa HeForShe BH explica que o interesse pela certificação foi imediato. “A iniciativa rompe as possíveis barreiras que a mulher pode encontrar. Eu, pessoalmente, tinha vergonha de levar o carro para uma mecânica e não saber explicar o que estava errado. Agora me sinto confortável para opinar e negociar”, comenta. Ela garante que a ideia de oferecer conhecimento para as mulheres e ensinar os profissionais a respeitá-las é enriquecedora.
Em Belo Horizonte, cidade origem do Oficina Amiga da Mulher, 10 oficinas se inscreveram. Outras, em São Paulo e Recife, também já deram início à contratação.
Como funciona a certificação
As oficinas preenchem uma ficha de inscrição e, se aprovadas, recebem uma consultoria administrativa. Com o registro alinhado, começa a capacitação. São ministrados cursos para estabelecer o padrão de qualidade. Além disso, todos os profissionais precisam assistir obrigatoriamente palestras da ONU Mulheres, fazer um teste e firmar o comprometimento com o atendimento igualitário.
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O processo para conseguir a certificação Oficina Amiga da Mulher dura quase dois meses e foi desenvolvido com o apoio de órgãos como o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) de São Paulo, a Fecomércio-MG (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais) e o Sindirepa-PE (Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de Pernambuco). Para criar um padrão nacional, mais de 150 critérios são avaliados com base em valores universais como transparência, confiabilidade, liderança e atendimento.
Depois da certificação vem a fiscalização. Durante os 12 meses em que o selo é válido, as usuárias podem reavaliar as oficinas e acrescentar sugestões.
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