O prefeito de São Paulo João Doria (PSDB) disse nesta quarta-feira (25), durante a vistoria das obras do Autódromo de Interlagos, que o GP do Brasil de Fórmula 1 deste ano deve ser o último antes da privatização. A corrida está marcada para o dia 12 de novembro.
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«No ano que vem, em uma data a ser definida, o autódromo será leiloado na Bolsa de Valores. Este será, provavelmente, o último GP do Brasil com o autódromo sobre o controle da prefeitura», disse Doria.
«Até o fim de 2017 faremos a consulta pública sobre o interesse das empresas e o leilão na Bovespa deverá acontecer no começo de 2018», afirmou. A Prefeitura de São Paulo espera receber ao menos R$ 2 bilhões no leilão.
Apesar da privatização, Doria espera manter a Fórmula 1 em São Paulo. Segundo a própria prefeitura, o Grande Prêmio traz um lucro anual de R$ 250 milhões para a cidade, com serviços, hotéis, turismo e comércio local, gerando cerca de 3 mil empregos temporários.
«Faz parte da privatização a manutenção do acordo com a Fórmula 1, que vai até 2020», disse o prefeito aos jornalistas. «O nosso desejo é que o Grande Prêmio continue na cidade. A expectativa é manter a corrida por mais três ou quatro décadas.»
«Tudo indica que com os novos administradores, e a tradição do Brasil na Fórmula 1, é muito provável que a corrida continue, pois existe um interesse coletivo, ainda mais com o autódromo privatizado, sem ingerências ou vontades políticas», ponderou Doria.
«O que posso dizer é que Interlagos será usado como autódromo. Ele não vai mudar sua finalidade. Haverá um investimento imobiliário para transformar o lugar em uma área que possa abrigar melhor outros eventos, seguindo o modelo de Abu Dhabi», continuou.
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Privatização inspirada no Oriente Médio
Provavelmente ainda neste ano, o projeto de privatização deverá passar pela Câmara para que possa ser aprovado. O modelo do leilão ainda não está definido, segundo o prefeito, mas já existem algumas manifestações de interesse de empresas que ainda não tiveram os nomes revelados.
Doria esteve em Abu Dhabi no mês de abril em busca de investidores para Interlagos e lá encontrou o modelo para transformação. O autódromo que recebe o encerramento da temporada da Fórmula 1 serviu de inspiração para plano de privatização da pista brasileira. «Lá você tem hotel, estruturas de entretenimento e moradias de alto luxo em volta da pista.»
«Fiquei impressionado. Conversando com os administradores, eles me disseram que o autódromo funciona 360 dias no ano, com eventos diversos. Inclusive, durante a noite, é possível alugar a pista para que pessoas interessadas possam andar com seu próprio carro», completou.
Novos boxes e cobertura do paddock
Interlagos deverá ganhar no ano que vem novos boxes e uma cobertura no paddock, que é a área entre as garagens e o local onde as equipes recebem seus convidados e a imprensa. O custo da reforma já estava previsto no plano iniciado em 2013, segundo explicou Vitor Aly, presidente da SP Obras.
«Do saldo inicial de R$ 160 milhões vindos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) sobraram ainda pouco mais de R$ 32 milhões», disse Aly. «O valor deve ser suficiente para a conclusão das obras, uma vez que faremos em cima do projeto executivo, sem ternos aditivos, que é o que aumenta o custo de qualquer construção.»
De acordo com o chefe de engenharia da Fórmula 1, Luis Ernesto Morales, os novos boxes deverão ser mais altos e modulares. «Não haverá parede entre os espações. As divisórias serão pré-moldadas e poderão ser movidas de acordo com a necessidade de cada evento», explicou.
Claudia Ito, diretora do GP do Brasil, explicou, no entanto, que a liberação desta verba ainda depende do aval do governo federal. «Esperamos que isto aconteça em breve, ainda em janeiro ou fevereiro do ano que vem, para podermos concluir a reforma já para a corrida de 2019. Se não acontecer neste período ficará mais difícil entregar tudo até o próximo Grande Prêmio». Só após a liberação da verba é que começa o processo de licitação para a reforma.
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