No início deste ano, o clipe de “This is America”, de Childish Gambino, foi ovacionado por ler a situação do negro nos Estados Unidos. O mais recente disco do rapper baiano Baco Exu do Blues, “Blusman” faz exatamente o mesmo da realidade brasileira – e com um mesmo nível de excelência musical.
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Baco é um talentoso artista de 22 anos que já havia chamado muita atenção com seu primeiro EP, “Esú” (2017), de onde saiu o sensual hit “Te amo disgraça”.
O tema do amor, voltado ao contexto dos subúrbios brasileiros, ainda permanece forte nas rimas do artista e em “Flamaingos” aparece em canções como “Queima minha pele”, ótima parceria dele com Tim Bernardes, outro expressivo nome da nova geração da música nacional.
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No tema racial, porém, é que o artista ganha força. A canção “Minotauro de Borges” – a melhor do disco – é um soco no estômago da sociedade racista, ao cantar a ascensão de um artista negro com os versos: “Você me mata ou eu me mato primeiro / To me acabando por inteiro”. Em “Kanye West da Bahia”, com DKVPZ e Bibi Caetano, ele diz: “Ser preto não é só ter pele”.
Como em “Esú”, o rapper baiano faz uma série de referências a elementos da cultura, tanto a pop quanto a cult em suas letras. Coloca Britney Spears e Jorge Luis Borges em um mesmo barco. Com essa sopa de referências, ele pretende denunciar um sistema opressor e assassino – não faltam críticas à violência policial daqui.
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A mistura de referências também está na sonoridade, que transita entre rap e R&B. Tudo em “Bluesman” é amarrado com uma excelência musical e referências que vão de Jay Z aos cantos da Umbanda. Não há nenhuma canção que pareça feita às pressas, é tudo elaborado como “Girassóis de Van Gogh”.
Se você ainda não o ouviu, deveria. Até a Beyoncé o elogiou no Instagram.