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Diretor de ‘O Artista’ brinca com estereótipos de Godard

Não é preciso conhecer muito Jean-Luc Godard, 86, para se divertir com “O Formidável”, que está em cartaz nos cinemas. Tido como cineasta símbolo do movimento Nouvelle Vague, que ganhou popularidade nos anos 1960 ao quebrar formas narrativas tradicionais da sétima arte, o diretor é o protagonista do novo longa de Michel Hazanavicius, vencedor do Oscar por “O Artista”.

Mais uma vez ele se dedica a uma história metalinguística. Enquanto o longa de 2012 se debruçava sobre o cinema mudo, agora é a vez de o francês brincar ao transformar em clichê as rupturas promovidas por Godard.

“Meu trabalho não tem influência direta dele, mas gosto de deixar o cinema visível na minha obra. Foi muito prazeroso contar essa história porque os filmes dos anos 1960 quebraram algumas regras,  e isso me permitiu fazer um metacinema”, disse ele em passagem por São Paulo para divulgar o filme.      

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O fio condutor do longa é a história de amor dele, vivido por Louis Garrel, com a atriz Anne Wiazemsky (Stacy Martin), protagonista de “A Chinesa” (1967), seu último longa antes de se radicalizar politicamente durante os eventos que tiveram ápice em Maio de 1968, na França, numa guinada  à esquerda que interferiu diretamente em seu trabalho e nas suas relações pessoais.

“Acho esse romance lindo e original, porque ele não acaba por causa de adultério, mas por motivos políticos e artísticos. Havia também o apelo cômico, porque Godard é um personagem totalmente desconectado de seu ambiente. Ele nunca pensa como os outros, e acho que um personagem descolado de tudo é a base de uma boa comédia”, afirmou Hazanavicius.

Para viver o papel, Garrel precisou se despojar das feições de galã, mas, segundo o diretor, a escolha foi certeira. “Eu o escolhi porque ele tem esse charme cerebral e intelectual que corresponde muito ao personagem. E também porque o cachê dele não era muito caro”, disse aos risos.

Para uns, o retrato proposto é humano. Para outros, pejorativo. “O fato é que eu não o julgo. Eu mostro um personagem muito paradoxal, como creio que ele seja. Muita gente o encara como uma peça de museu, e eu me esforcei para mostrá-lo de um modo divertido”, concluiu o diretor.

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