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‘Deadpool 2’ compensa indecisões com excessos

O primeiro filme de Deadpool chegou aos cinemas bastante favorecido pelo fator surpresa. ‘Deadpool 2’ tenta suprir essa falta do jeito que as continuações hollywoodianas normalmente fazem, potencializando o que deu certo no original – principalmente as piadas de referência pop e de metalinguagem. ‘Deadpool 2’ acaba funcionando como um filme-comentário sobre o próprio sucesso de ‘Deadpool’.

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Nesse sentido, a experiência que a continuação oferece é ainda mais descolada de qualquer senso de suspensão de descrença. A própria adaptação que o filme faz dos quadrinhos desta vez – pegando o conceito de Cable, apresentando novos mutantes, tanto aliados quanto vilões – parece pautada pelo descompromisso, e o Cable de Josh Brolin que vemos aqui, em particular, é bastante simplificado em relação à mitologia que envolve o personagem do futuro nas HQs dos X-Men.

A regra é aproveitar o que personagens têm de potencial visual, cômico, então Cable fica sendo o “mutante sombrio”, e Brolin se esmera em ocupar a função do escada de deadpan face para as piadas de Ryan Reynolds. O que desgasta ‘Deadpool 2’ mesmo é a indecisão entre a ironia e a seriedade. Se a premissa dramática do primeiro ‘Deadpool’ estava em sintonia com a comédia (Wade Wilson quer se vingar, e isso só acaba servindo para engatilhar o humor e a ação), o segundo filme compra um dos pacotes dramatúrgicos prontos de Hollywood (o herói traumatizado que precisa de alguém para ouvir e aceitar seus lamentos), e esse pacote não combina muito com o personagem no fim.

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