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É duro ser juiz

Viagem rápida até o Rio de Janeiro na última sexta-feira. Vendo aquela beleza deitada ao sabor das águas azuis do Atlântico, ponteada pela ondulada calçada de Copacabana, que parece fazer dançar os milhões de pés que, apesar da violência, continuam vindo do mundo inteiro para esta que já foi definida como a natureza que virou cidade.

Foi ali que entrevistei o ministro Gilmar Mendes. Uma pessoa completamente diferente daquela que vemos de toga nas longas sessões do Supremo Tribunal Federal declarando seu voto muitas vezes polêmico, soltando quem achamos que deveria ficar na cadeia. Muitas vezes por isso cobrado e xingado pelas ruas do país.

O ministro é mais alto que eu pensava, é mais magro e muito mais simpático, chegando a ser uma pessoa tranquila e doce. Foi coerente no que falou do alto da sua formação com base na escola do direito alemão. Disse que solta à luz da lei e que quem reclama nunca espera que amanhã o peso da prisão possa recair sobre quem reclama ou alguém da sua família. Acha também, com experiência de ex-presidente do Tribunal Eleitoral, que Lula não deverá mesmo ser candidato pela lei que o torna inelegível e que o ex-presidente é um animal político que, exatamente por isso ao lado de Fernando Henrique, foram os dois únicos que terminaram o mandato.

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Disse claramente que não acredita que o ex-ministro Joaquim Barbosa possa se dar bem na política porque para isso há que se fazer carreira na política. Também como todos torce para nomes novos, mas não acredita em aventureiros.

Falou da necessidade de combater as mordomias da própria classe, criticando por exemplo as férias excessivas de juízes que, se tivessem um período de descanso como todas as classes, não estariam em falta no Brasil. Falou sobre a importância de melhorar a segurança pública com lei e combate ao crime organizado e clara melhoria do sistema carcerário.

Depois do bom papo, sentou só e cercado de seguranças, almoçou tranquilo emoldurado pelo mar de Copacabana onde à tarde falou para a imprensa estrangeira. Mas aquela imagem de solidão foi para mim a certeza de que julgar não é fácil. Tanto faz no Supremo ou num campo de futebol, agradar a todos é tarefa impossível.

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