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Nada pode ser mais corrosivo para uma pessoa do que a autocomiseração, aquele sentimento de pena que muitos indivíduos nutrem por si próprios. Isso os impede de sair do lugar. Estão sempre reclamando de tudo e acham que a causa de seus fracassos pessoais – que todos temos ao longo da vida – é “culpa” sempre dos outros. A perda de um emprego, o fim de um amor, a escolha de outro para a promoção do trabalho, tudo tem um “culpado”. Tropeços, retrocessos, perdas fazem parte da vida, mas para esses tipos a responsabilidade jamais é sua ou mesmo do imponderável que é viver. Tipos assim estão espalhados por aí na escola, no trabalho, na família, nas empresas, nos relacionamentos, no serviço público, na política. E a visão e energia deles, não raro, é capaz de contaminar um grupo inteiro, uma cidade e até um país.
Divido com vocês duas histórias pessoais. Bem no início da faculdade, fui rejeitado em uma seleção de trainee com a qual eu muito sonhava. Tinha a ver com comunicação. Apesar de me considerar apto e ter ido bem nos testes, a única coisa que ouvi foi um “você não tem perfil para este setor, procure e invista em outro”. Confesso que nos primeiros dias senti a bordoada. Mas em seguida levantei a cabeça e segui em frente. Tempos depois, já estagiário, vi a vaga com carteira assinada que havia sido prometida para mim – por esforço e entrega, nada além – ser passada para outro por lobby e ligações familiares com um diretor. Fazer o quê?
Foram duas pedras no início da minha carreira. Poderia citar dezenas também em outros compartimentos da vida. São poucos os indivíduos que não as têm. Mas o que muita gente não se dá conta é que na imensa maioria das vezes as pedras são dribláveis, superáveis, e poderão ser vistas pelo retrovisor. Mas isso não depende de ninguém, além delas próprias.
Ainda jovem, com base nas lições de família, aprendi algumas noções que carrego e reforço a cada dia: viver não é simples, conviver é complexo e sobreviver requer foco, garra e determinação. Nossa passagem por aqui não é uma corrida de cem metros, é maratona.
Então, se você é daqueles que têm pena de si mesmos, tire isso da cabeça. Você tem o poder de querer, mas o verdadeiro poder é o de fazer. Arregace as mangas, pare de se queixar e faça por merecer.
Diego Casagrande é jornalista profissional diplomado desde 1993. Apresenta os programas BandNews Porto Alegre 1a Edição, às 9h, e Rádio Livre, na Rádio Bandeirantes FM 94,9 e AM 640
