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Quando o pragmatismo é sobrevivência!

Leonardo Meneghetti colunistas twitterFutebol pragmático contra o futebol bonito é a discussão do momento, como se as duas coisas não pudessem conviver juntas – e até deveriam! Mas a verdade é que nem sempre é possível que andem de mãos dadas. Por isso, desde já argumento que o futebol é competição. Os espetáculos estão no Teatro São Pedro. Ou em concertos da Ospa!

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É claro que estou analisando o Inter e seu futebol, digamos, nada espetacular. Argel está lá, e contratado para ganhar as partidas e, preferencialmente, os campeonatos. Precisamos enxergar o time do Internacional. Por enquanto, a matéria prima que ele tem para trabalhar é escassa. O Inter é um time limitado e que faz um esforça danado para praticar um futebol competitivo. Talvez não seja o suficiente para ganhar grandes títulos. Mas cobrar do treinador espetáculo é o mesmo que exigir do prefeito que o Guaíba passe a ser a Barra da Tijuca.

Argel é uma espécie de patinho feio do futebol gaúcho, consequência das insistentes comparações com Roger, de seu jeitão de se expressar e do que enxergamos de seu time em campo: um futebol feio, sem brilho, que quer ganhar. A verdade é que ele tira mais do time do que se poderia imaginar. Isso não significa que não deva ser criticado. Eu, por exemplo, gostaria de ver uma mecânica mais “azeitada” na ligação do meio para o ataque. Não me convence a maneira como o time colorado chega ao ataque. Também faltam jogadas ensaiadas e algumas substituições são ortodoxas e nada ousadas. Mas é inegável que ele ganhou o Campeonato Gaúcho sem ter o melhor grupo nas mãos. E agora arranca no Brasileirão com seu time entre os líderes.

Os críticos mais azedos do treinador colorado alegam que, mesmo com um grupo qualificado, ele não saberá montar um time que jogue bonito. Mas como ele teria feito isso antes se só trabalhou no Joinville, Caxias, Figueirense, São José e outros deste mesmo tamanho? E agora, no Inter, seu primeiro clube grande, tem um grupo cheio de limitações! Só os resultados o manterão no cargo, portanto, ele joga pelos resultados, ora bolas. Renato já fez isto no Grêmio. Felipão também se abraça ao pragmatismo por onde passa. E outros tantos, entre os quais Mourinho!

Não é impossível de se aliar este futebol competitivo ao futebol-show. Pep Guardiola, hoje disparado o melhor treinador do planeta, sabe fazer isso.  Mas no Barcelona tinha Mascherano, Xavi, Iniesta, Fábregas e Messi, pra citar alguns. E no Bayern contava com Lahm, Gotze, Muller, Ribéry e Robben, entre outros.

Argel não é moderno em suas palavras. Não usa recursos refinados para expor suas ideias. Pegou um time mais ou menos, cheio de limitações, fechou o vestiário, e joga calcado no pragmatismo dos resultados para empurrar o Inter no Brasileirão. Raros treinadores teriam a capacidade de adaptação que Argel tem demonstrado no Inter. Não é agradável ver este time jogar. Mas com este grupo, pouco de melhor pode ser feito!

Jornalista esportivo desde 1986, Leonardo Meneghetti foi repórter de rádio, TV e jornal e está no Grupo Bandeirantes desde 1994. Foi coordenador de esportes, diretor de jornalismo, e, desde 2005, é o diretor-geral da Band-RS. Diariamente comanda “Os Donos da Bola”, na Band TV.

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