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PMDB segue rachado

carlos-lindenberg-colunistaMais de 24 horas depois de o PMDB ter decidido se afastar do governo Dilma e de proibir que seus seis ministros continuem no cargo, nenhum deles havia pedido para sair até a noite de ontem. Pelo contrário. À exceção de Henrique Alves, do Turismo, nomeado por pedido pessoal do vice Michel Temer, que deixou o cargo na segunda-feira, todos continuavam ministros. No final da tarde de ontem, Mauro Lopes, da Aviação Civil, Kátia Abreu, da Agricultura, Celso Pansera, Ciência e Tecnologia, Helder Barbalho, Portos, Eduardo Braga, Minas e Energia, e Marcelo Castro, da Saúde, reafirmaram à presidente Dilma, segundo me contou um deles, que permanecerão nos seus postos e trabalharão para derrotar o pedido de impeachment.

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Quem viu a reunião do diretório nacional do PMDB, na terça-feira, pode ter tido a impressão de que o partido estava unido na decisão de desembarcar do governo. Ledo engano. A saída de aprovar o desembarque por aplauso foi exatamente para encobrir o fato de que a decisão não tinha a unanimidade que se pretendeu demonstrar. Se fosse colocada a voto, o racha apareceria, e isso não seria bom para o vice-presidente e presidente nacional da legenda, Michel Temer, que vem trabalhando para afastar Dilma. De qualquer maneira, a decisão do PMDB de deixar o governo cria um grande desgaste político para a presidente Dilma. Afinal, a parceria entre o PT e o PMDB dura 13 anos, o partido tinha sete ministros, o vice-presidente e quase mil cargos no primeiro, segundo, terceiro e quarto escalões do poder, inclusive nos Estados – aqui Saraiva Felipe tem a diretora da Codevasf, Newton Cardoso Júnior tem a Ceasa, e Leonardo Quintão, para ficar só nestes, tem o INSS do Sudeste.

E tudo isso dispensado, em tese, numa reunião que durou menos de quatro minutos e sem que houvesse votação – no bater de palmas, apenas. De sorte que o rompimento, ainda que o PMDB nunca estivesse fechado integralmente com o governo, faz o governo recear que outras legendas da base aliada também possam abandonar o barco. Até ontem à noite, nada havia acontecido ainda, com o governo, auxiliado pelo ex-presidente Lula, tentando segurar os aliados. Num ambiente desses, situação e oposição cantam vantagens. O governo acha que dificilmente a oposição terá 342 dos votos, dos 513 deputados, para aprovar o impeachment. E a oposição calcula que o governo não terá os 172 votos suficientes para evitar a queda de Dilma.

Carlos Lindenberg é colunista do Jornal Metro e comentarista da TV Band Minas. Escreve neste espaço às quintas-feiras.

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