Parece impossível isso, num país em que a política parece girar em torno desses dois eixos apenas. Mas é exatamente isso o que o vereador Wellington Magalhães está pensando ao começar a conversar com as lideranças políticas do município com vistas às eleições municipais do ano que vem. Autor da iniciativa de acabar com a verba indenizatória dos gabinetes dos vereadores belo-horizontinos, um ralo de recursos públicos que proliferam em outros poderes, Wellington parece encarnar uma figura nova no quadro da política municipal.
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Pelo menos é o que dizem os que com ele convivem, ao lembrar a sua origem popular. Para o presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, há um sentimento na cidade contra a imposição de nomes que não têm identificação direta com o município. “A derrota do Pimenta da Veiga na última eleição mostra isso”, insiste Wellington nas conversas que tem mantido tanto como em Brasília, onde tem ido com frequência.
Essa movimentação do presidente da Câmara, não por acaso, coincide com a do prefeito Márcio Lacerda, que por seu lado se mostra empenhado no esforço de indicar o nome que poderá vir a sucedê-lo nas eleições do ano que vem. Márcio, com aspirações a participar da chapa majoritária nas eleições de 2018, já tem sob controle o diretório municipal do PSB e trabalha para conquistar agora o diretório estadual, colocando-se desde já como candidato à sua presidência – o que, para tanto, terá que afastar o deputado Júlio Delgado.
Nessas andanças, Márcio parece inclinar-se para uma composição com o PSDB do senador Aécio Neves, na certeza de que terá pela frente uma candidatura do PT – o que é previsível desde que não se pode imaginar o partido do governador Fernando Pimentel, ele mesmo ex-prefeito da capital, fora da disputa. É aí que entram as manobras do presidente da Câmara, Wellington Magalhães. Ele acha, conta quem tem conversado com ele ultimamente, que esse embate pode embolar em algum momento, o que exigirá um nome para transitar pela terceira via. “Há um cansaço dessa disputa PT-PSDB”, tem comentado Wellington Magalhães, com o cuidado necessário para não atravessar o carro na pista, antes mesmo de ser dada a largada.
Carlos Lindenberg é colunista do jornal Metro e comentarista da TV Band Minas. Escreve neste espaço às quintas-feiras.
