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Felipão e Abel estão ranzinzas!

leonardo-meneghetti-colunistaNossos treinadores andam sem paciência. Estão irritadiços. E isso também é consequência da ausência de cobrança sobre o trabalho que realizam. Como podem tudo nos clubes, como não dão satisfação de nada, não aceitam, é claro, que a imprensa faça cobranças. Acostumaram-se aos benefícios de quem trabalha num ambiente onde controlam tudo. Portanto, não concedem a jornalistas o direito de fazer o que seus dirigentes deveriam cumprir por obrigação.

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A pergunta mais simples e óbvia é capaz de tirar Felipão do sério. Engana-se quem pensa que ele chegou agora ao Grêmio. A verdade é que o clube nunca saiu de seu radar. Felipão aterrissou dois meses atrás com a banca de um multicampeão no clube. Poderia ter desembarcado também consciente de que carrega na bagagem uma série de títulos e o maior fracasso da história do futebol brasileiro.

Quando disse, na semana passada, que “não bate na bola” e recordou que não tem nem Arce nem Marcos Assunção à sua disposição, o treinador gremista atirou contra o próprio grupo. Mas fez mais do que isso. Foi lacônico em algumas respostas. Mostrou-se acima do bem e do mal. Dias antes, já havia feito a barbeiragem de retornar ao assunto do goleiro do Santos. Ao entrar no gramado para comandar um treinamento dirigiu-se a um assessor de imprensa do clube e disse com o tom de voz elevado, referindo-se aos repórteres: “Vê se eles não vão cair na esparrela do Aranha de novo”. Uma provocação desnecessária. Uma bobagem de quem se acha no direito de treinar também a imprensa.

Felipão, o grande líder da Copa de 2002 e o grande fiador do fracasso de 2014, esquece que está retomando sua carreira depois deste enorme fiasco. Deve criar um ambiente favorável, positivo, de agradável convívio com os que o cercam. Prefere trombar. E tenta rejeitar o vexame na Copa que, assim como a conquista do penta, para sempre ficará colado no seu currículo

Poucos quilômetros dali, Abel Braga também tem tido comportamentos deste nível. Quando pressionado, ataca o interlocutor. Não aceita nenhuma pergunta que questione suas escolhas e preferências. Esquece que as explicações que ele precisa fornecer não são à mídia e sim ao torcedor. Neste seu retorno, Abel ganhou um Campeonato Gaúcho. E mais nada. Fracassou na Copa do Brasil. Fracassou na Sul-Americana. Faz um bom Brasileiro, talvez insuficiente para alcançar o título. Mas quando ele fala, parece que seu time ganha tudo!

Tão irregular quanto nossos times está a oscilação de humor dos nossos treinadores. Enquanto permanecerem com estes plenos poderes e sem comando acima deles, Felipão e Abel seguirão nesta linha de que tudo podem, sem dar explicações de suas decisões e atitudes. Mas se quiserem ser ranzinzas e ganharem todas competições, fechamos o acordo agora. O brabo é o sujeito não ganhar nada e ainda ser mal-humorado. Também sei que uma coisa é consequência da outra.

Jornalista esportivo desde 1986, Leonardo Meneghetti foi repórter de rádio, TV e jornal e está no Grupo Bandeirantes desde 1994. Foi coordenador de esportes, diretor de jornalismo, e, desde 2005, é o diretor-geral da Band/RS. Diariamente, às 13h, comanda “Os Donos da Bola”, na Band TV. Escreve no Metro Jornal de Porto Alegre

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