Um dia parei e me perguntei sinceramente por que eu competia. Cheguei à resposta mais simples e curta que podia imaginar: ego. Você pode chamar isso de superação ou de outra coisa, mas no fundo, evoluir em seus resultados a cada vez que você compete é simplesmente um alimento para seu ego, autoconfiança e para dizer aos outros que você é o cara! Lembre-se que não se tira daí a parte saudável do esporte, que é muito importante.
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Para muitos, não adianta ser o campeão do Tour de France. Tem de também vencer o Giro d’Italia, a Vuelta a Espanha e o Campeonato Mundial, pois alguém já fez isso. O cara quer ser o melhor! Sei o que é o esforço físico e o mental. Mas acho que esse desgaste todo tem de ser mais bem aproveitado. Só agora acho que sei.
Minha namorada me contou uma história muito legal sobre a Maratona de Londres. Nunca tinha me dado conta do real significado de alguns participantes de provas desse tipo correrem os 42km com pesadas e desconfortáveis fantasias. Ela me disse que cada fantasia é alusiva a uma causa como fundos para pesquisa para a cura de alguma doença, pela ajuda a crianças, salvação e proteção de animais ou para angariar fundos para alguma instituição séria.
Geralmente é uma pessoa normal, muitas vezes sedentária, que aposta com os amigos e familiares que, se ela completar aquele desafio, os amigos farão um depósito de uma quantia estipulada na conta da instituição onde normalmente essa pessoa é engajada e voluntária.
No mínimo, ela estará chamando a atenção do mundo para sua causa. Sendo assim, passe a treinar com muito mais afinco, a pular da cama mais cedo, a evoluir ainda mais em seu esporte, angariando fundos com os amigos para a causa que você acredita que vai melhorar esse maltratado mundo ou esse nosso país doente social e ético.
Marque o desafio, faça sua aposta de melhorar sua marca em determinada prova. Use outras competições como treinamento. Isso é muito melhor do que simplesmente publicar em seu Facebook que você completou tal competição, que ganhou uma outra, e que você é o cara.
O mundo está precisando urgentemente que nós todos sejamos felizes, além de um chacoalhão na humanidade, que só olha para próprio umbigo.
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Cleber Ricci Anderson, 47 anos, é especialista em bike fit (ajuste postural), ex-ciclista da Seleção Brasileira de Ciclismo, pioneiro em MTB no Brasil, autor do Guia Bike na Rua e do projeto Ciclo-Rede e proprietário da Anderson Bicicletas.