Ciência e Tecnologia

YouTuber tenta recriar tecnologia do século passado: um disquete

Ele conseguiu?

Disquete
Disquete (Unsplash)

Se você nasceu com a nuvem debaixo do braço, um disquete parece uma piada antiga. Para aqueles que cresceram com aquele quadradinho de plástico e seu zumbido mecânico, é memória muscular.

E justamente quando parecia que poderia ser enterrado para sempre — embora o Japão o tenha mantido vivo até 2024 para os procedimentos oficiais — um YouTuber decidiu revivê-lo. Não para revivê-lo comercialmente, mas pela simples, nobre e gloriosa razão de ver se isso pode ser feito.

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O que queremos dizer com “disquete”

Era o pen drive da pré-história digital: um invólucro rígido de 3,5 polegadas que protegia um disco flexível e magnetizável. Ele continha notas, pequenas fotos, jogos da Ilha dos Macacos e vírus que aprendemos a odiar.


Quando os gigabytes surgiram, eles se tornaram obsoletos. E, no entanto, sua mecânica continua a fascinar: precisão, fricção e magnetismo dançando em milímetros.

O plano: desmontar um de verdade e construir o seu próprio, peça por peça

Conforme relatado pelo Engadget, Polymatt começou como qualquer boa loucura tecnológica começa: abrindo um disquete de verdade para estudar sua anatomia. Ele modelou a carcaça em 3D e a usinou em CNC a partir de alumínio para replicar tolerâncias e janelas.

A missão crítica, claro, era o coração: reconstruir o disco magnético. Para isso, ele usou filme PET como base e o revestiu com uma mistura de óxido de ferro e adesivos, buscando a viscosidade perfeita para uma camada homogênea. Nada de “colar e pronto” aqui: trata-se de mícrons, não de milagres.

O teste decisivo: girou, leu... e também quebrou

Primeira passagem pela unidade de disquete: o disco gira, o motor canta, a nostalgia bate. Mas, ao tentar ler ou escrever, a cabeça arranca parte do revestimento. Diagnóstico rápido: o filme magnético não suporta o atrito ou a pressão da cabeça.

Em seguida, vem a segunda etapa do experimento, a mais tediosa e divertida ao mesmo tempo: ajustar fórmulas, curar, espessuras e lisura da superfície. Depois de várias tentativas, chega uma pequena vitória: o leitor detecta setores e trilhas.

Arquivos completos? Não. O que se consegue é registrar dados isolados; suficiente para provar que o meio “existe” aos olhos do hardware, insuficiente para usá-lo como armazenamento útil.

Falha? De jeito nenhum: é pura engenharia

O objetivo nunca foi montar uma fábrica de disquetes da edição de 2025. Era construir uma cadeia funcional de materiais, mecânica e magnetismo usando ferramentas de hobby. Através de reviravoltas, Polymatt demonstrou que é possível recriar grande parte do processo usando métodos caseiros.

O fato de falhar em confiabilidade não diminui seu mérito; pelo contrário, ressalta a complexidade de algo que antes considerávamos garantido. E, no processo, conecta-se a outros desafios do criador, como a restauração de um IBM ThinkPad de 1993: arqueologia tecnológica com uma chave de fenda na mão.

Por que importa se “ninguém precisa”

Porque entender como o mundo analógico funcionava nos torna melhores no mundo digital. Um disquete “feito à mão” é uma classe compacta de materiais, tolerâncias, desgaste, cabeças, calibração e sinal.

É também uma vacina contra o pensamento mágico: por trás de cada “clique para salvar” havia décadas de engenharia milimétrica. E sim, ver uma unidade de disquete reconhecer faixas em um disco feito em casa é um pequeno milagre que acende a mesma centelha que nos trouxe até aqui.

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O que permanece sem solução (e no óxido de ferro)

O objetivo pendente é óbvio: alcançar uma camada magnética durável que possa tolerar centenas de contatos sem se degradar, com coercividade e rugosidade adequadas para que a cabeça escreva e releia fielmente. Será que isso será alcançado no próximo vídeo? Talvez. É necessário? Não.

Este projeto já cumpriu sua promessa: nos lembrar que, mesmo na era dos terabytes, há beleza em desafiar a física com paciência e curiosidade.

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