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Antes de Harry e Meghan, casamentos reais tiveram noivo de quatro anos, rei que se casou seis vezes e até execução de ex

Casamentos arranjados nada românticos compõem a história da realeza, que chegou aos tempos atuais com noiva feminista e união vista por milhões de pessoas no mundo todo.

O casamento do príncipe Harry com Meghan Markle é o mais recente de uma longa lista de casamentos reais. A história vai longe: de decapitações a noivas adolescentes na Idade Média até a união do duque e da duquesa de Cambridge – o príncipe William e Catherine Middleton – acompanhado por bilhões de pessoas na TV.

O casamento de cor branca

A Rainha Vitória (1819 – 1901) não é só uma das mais conhecidas monarcas britânicas: é também quem definitivamente contribuiu para a maneira como as pessoas no mundo todo se casam.

Ela se casou com o príncipe Albert em 1840, logo depois do início de seu reinado de 63 anos – só mais curto que o reinado da Rainha Elizabeth 2ª.

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O casamento da soberana foi exuberante. A rainha usou um vestido de cetim de seda, algo incomum para a época.

Antigamente, noivas usavam vestidos coloridos, com bordados dourados ou prateados.

Embora a Rainha Vitória não tenha sido a primeira a usar branco num casamento, a cerimônia foi noticiada em todo o mundo, o que impulsionou a moda do vestido de noiva branco.

O casamento com maior audiência do mundo

O casamento do príncipe William com Catherine Middleton foi um evento tão gigante que até alçou Pippa, a irmã da noiva, à fama internacional.

Dezenas de jornais e sites noticiaram que 2 bilhões de pessoas no mundo todo assistiram à cerimônia, que aconteceu em 2011.

Esse número espetacular associado ao casamento do duque e à duquesa de Cambridge circulou antes mesmo de a cerimônia acontecer. Apareceu pela primeira vez em uma previsão feita pelo departamento de Cultura, Mídia e Esporte do governo britânico.

Depois do casamento, esse número foi repetidamente noticiado e supera em muito as cerca de 750 milhões de pessoas que assistiram ao casamento do príncipe Charles com a lady Diana Spencer.

O menos romântico

Hoje em dia, casamentos reais começam com um casal se apaixonando. Séculos atrás, no entanto, eles eram usados para estratégias políticas e construção de alianças.

Quando a rainha Maria I se casou com o príncipe Filipe II, da Espanha, em 1554, o casal esperava aprimorar a influência dos dois países e fortalecer o catolicismo na Europa.

Romance tinha tão pouca importância que o príncipe escreveu que «o casamento foi levado a cabo por nenhuma consideração ligada à carne, mas para tratar as desordens do reinado».

Quando a rainha morreu, apenas quartro anos depois da união, fazia mais de um ano que Filipe II a tinha visto pela última vez.

«Senti sua morte razoavelmente», escreveu de maneira fria em uma carta à sua irmã, cujo foco principal não era a morte de sua esposa, mas negociações diplomáticas com a França.

Mais tarde, Filipe II tentou invadir a Inglaterra e tornar-se rei.

O casamento austero

O casamento da rainha Elizabeth 2ª com o duque de Edimburgo foi um evento importante na Abadia de Westminster, com 2 mil convidados, incluindo reis e rainhas de diferentes partes do mundo.

Apesar da grandiosidade, não há como ignorar que a cerimônia acontecia em uma época, em 1947, quando a Inglaterra ainda estava vivendo o pós-Segunda Guerra, com o racionamento de então.

Isso incluía roupas, e a então princesa precisou usar cupons de racionamento para ajudar a comprar seu vestido.

Mas, claro, pertencer à família real tinha suas vantagens, e ela recebeu uma «mesada» especial.

O governo anunciou na época que ela receberia 100 cupons extras. As madrinhas e os pajens também receberam uma cota a mais.

Até cidadãos empolgados mandaram seus cupons de roupa com esperança de que a princesa pudesse usá-los para o vestido. Mas as leis eram duras: todos tiveram que ser devolvidos porque era ilegal usar a cota de outra pessoa.

O que se casou mais vezes

Henrique VIII é o monarca britânico que mais vezes se casou.

Ele se casou com sua primeira noiva, viúva de seu irmão, Catarina de Aragão, em 1509.

Depois de terem uma filha, e não um filho, eles se divorciaram – em uma decisão que fez a Inglaterra romper com a Igreja Católica Romana.

Henrique VIII, depois, casou-se com Ana Bolena, que deu à luz outra filha, antes de ser executada por acusações de adultério.

Sua mulher seguinte foi Joana Seymour. O casal finalmente teve um filho – algo que Henrique VIII queria desesperadamente-, mas Joana morreu pouco depois de dar à luz.

Henrique casou-se, por fim, com Anne de Cleves, em uma tentativa de ganhar apoio dos nobres protestantes da Alemanha, e divorciou-se dela seis meses depois.

Quase aos 50 anos, mais um casamento: a noiva de Henrique foi a adolescente Catarina Howard, que ele mandou executar dois anos depois.

Finalmente, seu último casamento foi com Catarina Parr, em 1543. A sexta união do rei durou até sua morte, em 1547,

O mais feminista

A união entre o príncipe Charles e Lady Diana Spencer, em 1981, foi notável por uma série de razões. A noiva usou o vestido mais comprido de qualquer casamento real (a cauda tinha oito metros) e o casamento foi o mais caro de todos, segundo se noticiou na época.

Mas também foi um avanço feminista, já que foi a primeira cerimônia em que a noiva real não prometeu «obedecer» a seu marido.

A princesa de Gales provou ser muito mais independente. Separou-se do príncipe Charles em 1992, antes de criticar publicamente a família real e questionar a capacidade de Charles para tornar-se rei.

Ela também cometeu adultério.

O casal se divorciou em 1996 e a princesa de Gales, já famosa no mundo todo, morreu em um acidente de carro em 1997.

Os noivos mais novos

David II da Escócia tinha só quatro anos quando se casou com Joana da Torre, que tinha sete, em 1328.

Ele não era rei ainda – precisou esperar até o aniversário de cinco anos para assumir essa responsabilidade -, mas já estava no meio de uma luta internacional por poder.

O casal foi arranjado por meio de um tratado de paz assinado entre a Inglaterra e a Escócia.

Alguns anos depois, David invadiu a Inglaterra, que estava sob o domínio de seu cunhado.

Ele acabou detido e aprisonado por 11 anos. Nunca mais viu sua mulher.

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