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Usuários montam nova Cracolândia com barracas em São Paulo

André Porto/ Metro

Desde a megaoperação realizada pelo Estado e prefeitura no último domingo, na Cracolândia, o prefeito João Doria (PSDB) vem dizendo que ela “acabou”. Porém, aparentemente, ela apenas se transferiu para outros locais: segundo relatório da GCM (Guarda Civil Metropolitana), 22 pontos de concentração de usuários de crack foram mapeados no centro desde domingo.

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Um deles é a praça Princesa Isabel, na região da Luz (centro). O Metro Jornal esteve lá ontem e constatou que o número de usuários de drogas concentrados aumentou desde segunda. Já há barracas na praça e os usuários também circulam pelas ruas do entorno, o que vem causando problemas aos comerciantes.

Albino Carvalho, 71 anos, trabalha num comércio da av. Duque de Caxias, ao lado da praça, e reclama: “O movimento caiu pela metade nesta semana”. A estudante Elielta Araujo, 20 anos, trabalha em loja da mesma rua e disse que muitas vezes fica parada na porta para evitar que invadam o comércio.

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Segundo relatos dos clientes de Antônio Souza,  48 anos, manobrista de um estacionamento da rua Guaianases, o número de assaltos nessa região também aumentou. Ele também conta que já teve que fechar o estacionamento duas vezes nesta semana, por medo.

84 internações
A prefeitura divulgou ontem primeiro balanço das ações após a ocupação da Cracolândia. Desde a megaoperação no domingo, 84 dependentes químicos aceitaram tratamento e foram internados voluntariamente.

Cerca de 600 profissionais da saúde e assistência social estão percorrendo o centro e realizaram 4,4 mil abordagens enquanto as tendas fizeram 681 atendimentos. Um Caps 24h (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas) será instalado hoje na região.

Os números foram apresentados em reunião com o Ministério Público, Defensoria Pública e entidades civis.

Horas após o encontro, o prefeito admitiu que erros podem ter sido cometidos e que o programa Redenção, embora precise de  ajustes, será 100% colocado em prática.

O Ministério Público pediu ontem à Justiça que indefira o pedido da prefeitura para que tenha autorização para internar compulsoriamente usuários de drogas da Cracolândia, desde que a medida seja recomendada por médicos. Procurada, a prefeitura não se pronunciou.

Prefeitura e secretário se contradizem sobre aviso
A Prefeitura de São Paulo confirmou ontem que foi avisada com antecedência que uma megaoperação policial seria realizada pelo governo do Estado na Cracolândia no domingo.

Segundo nota da prefeitura, o secretário de Governo, Júlio Semeghini, que já detinha a informação, comunicou os colegas de Justiça e da Segurança Urbana. No sábado, na véspera, foram avisados os demais secretários envolvidos no programa Redenção: Saúde, Habitação, Urbanismo e Licenciamento, Serviços e Obras e Comunicação.

Titular da pasta da Saúde e responsável pelo atendimento dos usuários de drogas, Wilson Pollara foi questionado ontem sobre a falta de cadastro dos dependentes químicos e negou que tivesse sido informado da megaoperação “Foi feita sob sigilo, não tivemos nenhum tipo de informação que iria ser feita”, afirmou. Secretário de Estado da Segurança Pública, Mágino Alves confirmou ontem que Pollara não fora avisado.

Veja o vídeo:

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